Uma interpretação filosófica e bem fundamentada da ciência.
Comentá¡rios sobre o livro
O livro apresenta uma série de três palestras proferidas pelo Dr. Richard Feynman, em abril de 1963, na Universidade de Washington (Seattle).
O livro tem 3 partes. A primeira é uma ótima introdução à filosofia da ciência.
Na segunda ele comenta as relações entre a ciência e a religião e entre a ciência e a política, com ênfase na liberdade de pensamento e expressão.
Na terceira parte ele retorna com uma belíssima aula sobre a filosofia da ciência, um texto que faria muito bem a todas as pessoas, especialmente aos jornalistas, que têm a responsabilidade de interpretar e comunicar fatos para o público.
Alguns trechos selecionados e que merecem reflexão:
- Existem grandes ideias desenvolvidas na história do homem, e essas ideias não duram a menos que sejam passadas propositalmente e claramente de geração em geração.
- O conhecimento não tem valor real se tudo o que você pode me dizer é o que aconteceu ontem.
- Todo conhecimento científico é incerto.
- A taxa de desenvolvimento da ciência não é a taxa em que você faz observações apenas, mas, muito mais importante, a taxa em que você cria coisas novas para testar.
- Não há lógica em calcular a probabilidade ou a chance de que algo aconteça depois que aconteceu.
- Ninguém entende o mundo em que estamos, mas algumas pessoas entendem mais que as outras.
- A cada homem é dada a chave dos portões do céu. A mesma chave abre as portas do inferno. – Referindo-se ao uso da tecnologia para o bem ou para o mal.
- Existem várias técnicas especiais associadas à prática de fazer observações, e muito do que é chamado de filosofia da ciência se preocupa com a discussão dessas técnicas.
- Todos os outros aspectos e características da ciência podem ser entendidos diretamente quando entendemos que a observação é o julgamento final de uma ideia.
- Na ciência, não há interesse nos antecedentes do autor de uma ideia ou em seu motivo para defendê-la.
- A exceção testa a regra. Esse é o princípio da ciência. Se houver uma exceção a qualquer regra, e se isso puder ser provado por observação, essa regra está errada.
- É surpreendente que as pessoas não acreditem que haja imaginação na ciência. É um tipo de imaginação muito interessante, ao contrário da do artista. A grande dificuldade é tentar imaginar algo que você nunca viu, que seja consistente em todos os detalhes com o que já foi visto, e que seja diferente do que foi pensado; além disso, deve ser definitiva e não uma proposição vaga. Isso é realmente difícil.
- Repórteres e comentaristas de jornais – há um grande número deles que presumem que o público é mais estúpido do que eles, que o público não consegue entender coisas que eles [os repórteres e os comentaristas] não conseguem entender. – Richard Feynman
A nota do editor encerra com a mensagem: “Ouro puro, poesia pura, Feynman puro”. É verdade, também em minha pouco importante opinião. Ler os livros do Feynman é prazeroso como conversar com alguém inteligente.
O livro
Feynman, Richard. O Significado de Tudo: Pensamentos de um cidadão-cientista (The meaning of it all). Perseus Books. Reading, Massachusetts. 1998.
NOTA: Post de mai/21, revisado em jan/22.