Uma descoberta curiosa sobre a origem da escrita.
Por que a escrita foi inventada? Aparentemente para fazer registros de números, pesos e medidas relacionadas ao comércio de mercadorias. Uma especialista acredita que alguns objetos geométricos de argila encontrados na Mesopotâmia foram os precursores da escrita suméria.
Denise Schmandt-Besserat, da Universidade do Texas, analisou descobertas feitas em sÃtios arqueológicos do Oriente Médio. As amostras incluÃam bolas de argila cozida, do tamanho de punhos, que faziam barulho quando sacudidas. Abertas, elas provaram conter numerosos objetos menores de argila como cones, discos, esferas e tetraedros, com um centÃmetro ou menos na maior dimensão e uns poucos maiores que 2,5 centÃmetros.
Ela notou uma correlação entre os objetos geométricos e alguns sinais e concluiu que os pequenos cones com uma indentação cônica representavam o número 1, e que pequenas esferas com uma indentação circular significavam o número 10. Cones maiores correspondiam ao número 60 e cones perfurados ao número 600.
Denise acredita que a transição do uso de contagens tridimensionais para o desenvolvimento da escrita ocorreu do seguinte modo: Por volta de 8.500 A.C. os mercadores criaram um sistema de registro de transações por meio de peças de argila; algumas para valores numéricos e outras representando mercadorias. Milênios depois, por volta de 3.500 A.C., eles adotaram um conjunto de contagens encerradas em uma bola de barro – um documento inviolável que acompanhava cada remessa de mercadorias. Pouco tempo depois, a fim de contornar a necessidade de abrir cada conhecimento de embarque em argila, sÃmbolos bidimensionais representando as formas geométricas incluÃdas foram desenhadas na superfÃcie da bola. A partir daÃ, foi um pequeno passo para fazer o conhecimento de embarque usando apenas os sÃmbolos bidimensionais e abandonando as peças geométricas. Esse progresso levou à escrita.
Nota: Texto baseado no artigo “From Reckoning to Writing, publicado na revista Scientific American, August 1977, p. 58.