Estabilidade é Qualidade

Um case para reflexão.
Foto de uma refinaria de petróleo com montanhas ao fundo.
Imagem por Nicola Giordano em Pixabay 

Um dos princípios da qualidade é que os processos devem operar da forma mais estável possível. A descrição adiante – corroborada por minha experiência própria com uma greve em uma unidade química – reforça a filosofia.

“Em 1980, uma grande refinaria da Costa do Golfo dos EUA concluiu uma greve de 5 meses. Durante a greve, a planta continuou as operações normais, administrada por engenheiros e supervisores. No final da greve, o departamento de contabilidade informou:

  • A produção (em massa) da refinaria melhorou em 0,8%
  • O rendimento volumétrico de produtos líquidos aumentou 1,3%
  • O lucro da refinaria dobrou.

No final do ano, as operações haviam voltado ao normal. O uso de energia aumentou, o rendimento volumétrico diminuiu e as falhas nos equipamentos rotativos aumentaram em uma ordem de magnitude” [1].

Nos anos 90 vivi uma experiência semelhante no Brasil. Minha conclusão é que os engenheiros e supervisores, por não contarem com experiência operacional e com uma equipe de manutenção, colocaram as unidades de produção em um ritmo confortável e seguro para evitar problemas. Nessa situação, a variabilidade dos processos era menor e a operação mais estável trouxe os benefícios citados por Lieberman. Pena que, no dia a dia, a vontade de “espremer” a capacidade de produção ao extremo acabe levando às instabilidades, desgastes (de equipamentos e pessoas) e custos que poderiam ser poupados.

Referência:

  1. Lieberman, Norman P. Basic technology can improve refinery profits. Oil & Gas Journal. July 18, 1994. pp. 50-54.

A cervejaria da Estácio de Sá

canecas de cerveja com os pegadores "engatados".
Imagem por Alexander Lesnitsky em Pixabay 

Centralizar a gestão … foi um dos caminhos encontrados pela universidade carioca Estácio de Sá para resolver seu problema de rentabilidade. Quando o fundo de investimento GP assumiu uma participação na companhia, há seis anos, se deparou com um cenário desolador: cada unidade tinha equipes próprias que não conversavam entre si. Além de problemas de caixa, a marca era queimada junto aos alunos. “Nossa marca era vista de modo ruim”, afirma Rogério Melzi, presidente da Estácio de Sá. “Não conseguiríamos aumentar nossa margem sem investir em qualidade e eficiência, porque reputação é tudo no nosso segmento.


A nova equipe de gestão reorganizou a empresa para diluir os custos de operação. Compras, logística, contabilidade, registros, faturamento, recursos humanos e folha de pagamento das 80 unidades foram unificados em uma única central. Na parte financeira, foi estendida a toda a rede conceitos como orçamento base zero, gestão Seis Sigma, gerenciamento por diretrizes e programas de remuneração variável baseados em metas. Aliás, os próprios professores da Estácio entraram no sistema de metas. No início, o programa foi rejeitado: “me diziam que a faculdade não era fábrica de cerveja”, diz Melzi, ex-executivo da Ambev. “Hoje, assim que me veem perguntam ‘cadê minhas metas?’ ” Os números mostram o efeito que a “fabricação de cerveja” teve na Estácio. A quantidade de funcionários – 14 mil – é a mesma hoje do que quando o fundo chegou à empresa, embora o número de alunos tenha saltado de 200 mil para mais de 400 mil. No mesmo período, o turnover da equipe caiu de 30% para 10%, enquanto a margem Ebitda (lucros antes de impostos, depreciações e amortizações) saltou de 10% para 21%.

Fonte: Revista Época Negócios. Setembro 2014. p. 105.

Boa Prática para a Inovação

A empresa Atlassian se tornou famosa pelos chamados “Dias do despacho”, durante os quais os empregados são encorajados a largar seu trabalho e a dedicar 24 horas a um projeto criativo de sua escolha. Dar liberdade aos empregados para testar novas ideias parece um elevado risco financeiro, porém isso acabou por trazer bons retornos. Os projetos desenvolvidos durante essas sessões resultaram em alguns dos produtos mais lucrativos da empresa. A Atlassian não só domina a indústria tecnológica na Austrália, mas foi reconhecida como a melhor empresa para trabalhar, nos dois últimos anos.

Fonte: Three workplace performance indicators that may make or break you, de Matias Rodsevich, workplaceinsight.net