ROI de Treinamento – um exemplo didático

Do ponto de vista da organização, a maneira mais eficaz de avaliar o resultado da maioria dos projetos é a Taxa de Retorno do Investimento (ROI, do inglês Return on Investment).

Para entender essa métrica que, de modo geral, é usada pela área financeira, imagine a seguinte situação: A empresa tem uma máquina envasadora semiautomática de óleo de soja operada por 4 pessoas. 

Em conversa com o gerente industrial, o RH fica sabendo que a máquina sofre várias interrupções por falha de operação e, então, oferece um treinamento para a equipe de operadores. Treinamento concluído, o gestor do RH faz a seguinte análise.

Custos

A capacitação teve os seguintes custos:

  • Instrutor – cedido gratuitamente pelo fabricante da máquina; a empresa pagou apenas as despesas de locomoção e hospedagem, totalizando R$2.000,00.
  • O treinamento, fora do horário de trabalho, exigiu 8 horas extras por empregado, ao custo unitário de R$30,00, resultando em R$960,00 (8 horas/empregado x 4 empregados x R$30,00/h).

Logo, o custo foi:

       Instrutor:            R$2.000,00

       Horas extras:    R$   960,00

       Totalizando       R$2.960,00

Benefício

Três meses depois do treinamento – período necessário para a estabilização na nova situação – o RH consulta o gerente industrial e descobre que a quantidade de interrupções na envasadora, por falha de operação, caiu 7%, resultando em uma produção 5% maior. 

Isso representou um aumento de receita de R$30.000,00/mês. Como o lucro é aprox. 3% da receita (informação obtida na contabilidade da empresa), conclui-se que o treinamento resultou em aumento de lucro de R$900,00/mês.

Ganho

Considerando que as pessoas treinadas permanecem por algum tempo na função e que, possivelmente depois de um ano, o treinamento deva ser refeito, podemos concluir que a análise do ganho deve ser feita com base em 12 meses.

Assim,

       Ganho total estimado = 12 * R$900,00 = R$10.800,00

Retorno do Investimento

Com um ganho anual estimado de R$10.800,00 e um custo de R$2.960,00, é seguro afirmar que o treinamento foi um bom negócio para a empresa.

Mas, para valorização da equipe do RH, esse sucesso deve ser comunicado em uma linguagem que seja mais bem interpretada pelos demais gestores da organização. Aqui entra o Retorno do Investimento.

ROI = (Retorno – investimento) x 100

                investimento

Considerando os valores calculados anteriormente, para o horizonte de um ano.

ROI = (10.800,00 – 2.960,00) x 100

                        2.960,00

ROI = 264,9%

Para maior clareza, algumas pessoas preferem apresentar o resultado como uma relação. No exemplo, o ROI foi de 2,6 reais por real investido.

Em geral, a maior dificuldade no cálculo da Taxa de Retorno de Investimento é avaliar os ganhos porque:

  • As informações geralmente dependem de outras áreas da organização.
  • As empresas ainda não têm uma cultura voltada a quantificar os resultados.
  • Muitos benefícios são subjetivos e de difícil tradução em números, como motivação e alinhamento da equipe.

Mas, ainda que os ganhos sejam estimados com algum erro, o cálculo do ROI torna a gestão mais objetiva e eficaz.

Dicas

Antes de solicitar recursos para investimentos em capacitação, e também para outros projetos do RH – já que a sistemática é a mesma – o ideal é fazer um cálculo preliminar do ROI, ainda que com base em estimativas de custo e benefícios. Isso permite avaliar se o ganho justifica ou não a oferta do treinamento.

A mesma metodologia pode ser usada para selecionar os projetos que estão disponíveis para execução, naturalmente priorizando aqueles com as maiores taxas de retorno do investimento.

Nota: Texto baseado em palestra apresentada via Internet para o SESCOOP/PR em 3.07.20.

Post200707 de jul/20, ajustado em out/24

Causa ou efeito?

Alguns autores, como Maram Marimuthu et alii [1] identificaram uma correlação positiva entre o desempenho das organizações e o investimento em capital humano, incluindo as ações de treinamento.

A conclusão óbvia trazida pelo texto é que vale a pena treinar. Mas, sendo isento na análise, temos que concluir que, ainda que os fatos estejam relacionados, não temos segurança para afirmar o que é causa e o que é efeito. Afinal, também é possível acreditar que organizações com negócios mais favoráveis e lucrativos tenham mais recursos para investir em treinamento.

Uma análise semelhante foi apresentada por Sara Kaplan [2] ao afirmar “Verifiquei se as pesquisas científicas realmente corroboram a ideia de que diversidade traz melhor desempenho e minha conclusão é que não há necessariamente uma relação de causa e efeito. É bem possível que diversidade e performance sejam dois aspectos de ‘ser uma ótima empresa’”.

Então, na análise de dados, sempre que temos resultados que se correlacionam, devemos ser bastante críticos em tentar saber o que é causa, o que é efeito ou, ainda o que é apenas consequência de algum terceiro motivo ou coincidência.

Referências:

  1. Marimuthu, M., Arokiasamy, L. and Ismail, M. Human Capital Development and Its Impact on Firm Performance: Evidence From Developmental Economics. Uluslararası Sosyal Arastırmalar Dergisi. The Journal of International Social Research. Volume 2 / 8 Summer 2009. pp. 265 – 272. Disponível em: http://www.sosyalarastirmalar.com/cilt2/sayi8pdf/marimuthu_arokiasamy_ismail.pdf. Acesso em 20.06.19
  2. Revista HSM. Vamos inovar em diversidade de gênero? Dez 4, 2017.

Treinamentos e treinamentos

Uma estratégia importante é concentrar o treinamento no mais relevante para o momento da organização. Para avaliar a priorização, é recomendável estratificar o volume de treinamento oferecidos nos diversos temas. Um exemplo é observado na pesquisa da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), com 599 empresas, a qual mostrou que 12,3% realizam treinamentos comportamentais e 14,4% realizam programas para gerência e supervisão. Os percentuais maiores ainda são direcionados às formações técnicas (22%), operacionais (15,9%) e obrigatórias (15,7%) [1]. 

“Os treinamentos mais técnicos, com foco no curto prazo, são afetados pelo imediatismo da apresentação de resultados financeiros. Programas de desenvolvimento, muitas vezes, não apresentam um ROI imediato, mas são mais sustentáveis e permanentes”, avalia Rocco, da BRTalent [1].

Algumas organizações também segmentam os indicadores de treinamento por grupo de empregados (executivos, especialistas, operários, etc.)

Fonte: 1. Revista Melhor. Fevereiro 2015. p. 41.

Nota: Embora os dados sejam antigos, as proporções não devem ter mudado muito.

Quer conhecer o Índice de Treinamento de outras empresas do mesmo segmento da tua? Acesse https://materiais.indicadoresrh.com.br/benchmarking_ben11

Treinamento é investimento

Normalmente é difícil determinar o benefício que o treinamento traz para as organizações.  Mas, um grande número de estudos observa uma relação positiva entre investimento em treinamento e melhores resultados financeiros.

Uma pesquisa [1] com 575 empresas abertas concluiu que, para um aumento de US$100,00 de investimento em treinamento por empregado, o preço das ações aumenta em 0,8 pontos percentuais.

Referência:

1. The Materiality of Human Capital to Corporate Financial Performance. p.13. Disponível em: http://irrcinstitute.org/wp-content/uploads/2015/09/FINAL-Human-Capital-Materiality-April-23-20151.pdf. Acesso em 10.12.16.

Planejamento dos treinamentos – Como é feito?

A pesquisa “O Panorama do Treinamento no Brasil”, feito pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), em parceria com a Integração Escola de Negócios, concluiu que o investimento em treinamento acaba sendo realizado com base em critérios desatualizados (e mais fáceis de se obter): 50% praticam orçamentos com base nos valores do ano anterior, contra 48% que também consideram o planejamento do ano que está por vir [1].

Outras fontes informam que várias empresas estabelecem o orçamento para as despesas com o treinamento das equipes com base em uma fração do faturamento ou da massa salarial. O Grupo Accor, por exemplo, tem como regra que 2% da massa dos salários diretos devem ser investidos em treinamento [2], enquanto várias empresas brasileiras investem entre 0,1% e 1% do faturamento em desenvolvimento [3].

Qual o critério usado em tua empresa? É uma boa prática? Conte nos comentários.

Referências:

  1. Revista Melhor: gestão de pessoas. Janeiro de 2015, p. 37.
  2. Revista Melhor: gestão de pessoas. Fevereiro de 2010. p. 74.
  3. Revista Melhor: gestão de pessoas. Fevereiro de 2016. p. 39.

Rev. 1º.11.22

Curso: Indicadores de RH como Ferramenta de Gestão

Junho de 2019, em Curitiba (Data a confirmar)

Saiba como usar indicadores para melhorar resultados na gestão de pessoas.

Objetivos

Apresentar os indicadores como ferramenta de apoio à gestão de recursos humanos, esclarecer os conceitos envolvidos nas métricas clássicas de RH, como: rotatividade, absenteísmo, retenção, etc. e destacar os cuidados na análise e no uso prático das métricas.

Benefícios

Ao término da capacitação, os participantes devem ser capazes de:

  • Selecionar as métricas mais úteis para a gestão de recursos humanos.
  • Calcular os indicadores tradicionais de recursos humanos.
  • Analisar os resultados dos indicadores.
  • Entender a correlação entre os indicadores de RH e outros parâmetros do negócio.
  • Estabelecer metas que tragam melhores resultados para a organização.

Público

  • Este curso é dirigido aos profissionais de gestão de recursos humanos que desejam conhecer e usar indicadores em seu trabalho.

Programa

  1. Conceitos relacionados ao uso de indicadores na gestão.
  2. Indicadores clássicos de RH (Rotatividade, Retenção, Absenteísmo, Horas extras, Terceirização, Índice de treinamento, Diversidade, Taxa de Acidentes, etc.).
  3. Escolha, padronização e uso de indicadores para eficácia na gestão.
  4. Apresentação dos resultados para melhora da comunicação.
  5. Uso de informações comparativas (benchmarking).
  6. Implantação de um sistema de métricas na empresa.

Data e local

Junho de 2019 – Local e data a confirmar. Se desejar ser avisado quando houver nova turma, envie um e-mail para atendimento@bachmann.com.br.

Rua João Marchesini, 139 – Prado Velho – Curitiba PR Como chegar

Estacionamento terceirizado (R$22,00 a diária).

Horário: 8:30h às 17:30h, com intervalo de uma hora para almoço.

Investimento: R$ 850,00

– Desconto de 10% para associados da ABRH e empresas participantes do Benchmarking Paranaense de RH. Desconto especial para grupos.

– A cobrança será feita por meio de boleto bancário e serão fornecidos nota fiscal de prestação de serviços e certificado para os participantes.

– Os custos dos materiais, almoço e coffee breaks estão inclusos na inscrição.

Instrutor: Dórian L. Bachmann

Engenheiro Químico pela Universidade Federal do Paraná, Pós-Graduado em Engenharia de Processamento de Petróleo, MBAs em Gestão de Negócios e Marketing pela COPPEAD/RJ e em Gestão de Negócios e Tecnologia da Informação pelo ISAE/FGV. Foi gerente geral da Unidade de Negócio da Industrialização do Xisto, da Petrobras. É sócio e diretor técnico da Bachmann & Associados. Coordena projetos de benchmarking competitivo em diversos setores e o Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos.

Alguns clientes deste curso

CR Almeida, CSD Varejo, DAF Caminhões, EMBRAER, GVT, Hotel Bourbon, Nutrimental, SENAI, SESI, Trombini, Paraná Banco e Paraná Equipamentos.

Informações e inscrições:

41 3324-5336 ou e-mail atendimento@bachmann.com.br

Clique aqui para se inscrever

Rotatividade é problema?

Figura com ícones representando pessoas que trocam de lugar.

Em uma empresa do setor de telecomunicações, os sistemas ficaram tão complicados que o treinamento para deixar um profissional médio familiarizado com tudo durava cerca de 13 meses. Detalhe: o tempo médio de permanência dos novos contratados era de nove meses. Ao mesmo tempo, a satisfação dos clientes desabava, apresentando um índice de apenas 30%.

Fonte: Revista HSM Management. maio-junho 2013. p. 130.

Analfabetismo – um problema aguardando solução

Vinte e sete por cento dos brasileiros entre 15 e 64 anos foram classificados como Analfabetos Funcionais.

Estudo realizado em 2015 com base na metodologia Inaf – Alfabetismo no Mundo do Trabalho – classifica os respondentes em cinco grupos: Analfabeto, Rudimentar, Elementar, Intermediário e Proficiente.

De acordo com o estudo [1], apenas 8% dos brasileiros entre 15 e 64 anos atingiram o nível Proficiente, o mais alto da escala, revelando domínio de habilidades como elaboração de textos mais complexos, interpretação de tabelas e gráficos envolvendo mais de duas variáveis e resolução de situações-problema de contextos diversos.

Vinte e sete por cento das pessoas foram classificadas como Analfabetas Funcionais com 4% correspondendo ao nível Analfabeto.

Uma observação curiosa (e ainda mais preocupante!) é que a maioria que chegou ou concluiu o superior permanece nos níveis Elementar (32%) e Intermediário (42%). Somente 22% situam-se no nível pleno de alfabetismo.

Segundo Ana Lúcia Lima, diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro (IPM), “O Brasil não tem sido capaz de garantir oportunidades de acesso a uma educação de qualidade a todas as crianças e jovens e, em consequência, depara-se com limitações significativas na formação da população acima de 25 anos, principal força produtiva no País. Mesmo no caso da geração mais nova, entre de 15 a 24 anos, que tem mais escolaridade, é preciso avançar nos níveis de aprendizagem para fortalecer o desenvolvimento social e a produtividade e capacidade de inovação de nossa economia”

A metodologia, a escala e as tabelas detalhadas podem ser encontradas na referência citada adiante.

As informações apresentadas não são meras curiosidades, pois impactam fortemente a produtividade e a qualidade de vida dos brasileiros. Impactam também a forma como as empresas devem selecionar e treinar seus colaboradores. Afinal, é razoável imaginar que há necessidade de testes de redação e interpretação de textos na contratação de profissionais de nível superior? Que não basta entregar orientações escritas detalhadas, mas que é preciso explicar detalhadamente os procedimentos que devem ser seguidos?

Analfabetismo funcional é a incapacidade que uma pessoa demonstra ao não compreender textos simples. Tais pessoas, mesmo capacitadas a decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números, não desenvolvem habilidade de interpretação de textos e de fazer operações matemáticas. Também é definido como analfabeto funcional o indivíduo maior de quinze anos possuidor de escolaridade inferior a quatro anos letivos [2].

Referências:

  1. Instituto Paulo Montenegro. Habilidades de Leitura, Escrita e Matemática são limitadas em muitos setores da economia brasileira, podendo restringir produtividade e capacidade de inovação.https://download.uol.com.br/educacao/2016_INAF_%20Mundo_do_Trabalho.pdf. Acesso em 19.09.17.
  1. https://pt.wikipedia.org/wiki/Analfabetismo_funcional. Acesso em 12.06.18.

Avaliação de treinamento ou pesquisa de satisfação?

Segundo Costacurta Junqueira, 85% das empresas avaliam o treinamento perguntando se o cliente gostou e apenas 15% querem saber se a empresa ganhou algo. Então, na verdade, o comum não é avaliar o treinamento, mas fazer uma pesquisa de satisfação. Esta pode ser mais influenciada pela qualidade do coffee-break e simpatia do instrutor do que pelo conteúdo do treinamento.

É importante avaliar a qualidade dos treinamentos oferecidos. De nada adianta elevar a carga de treinamento da equipe a um patamar semelhante ao do benchmark se a qualidade ou eficácia da capacitação não for adequada. Orientações para monitorar a eficácia dos treinamentos podem ser encontradas na norma NBR ISO10015.