Classe Mundial

Quando fazemos benchmarking é comum depararmos com o termo “Classe Mundial”. Mas, afinal, o que seria uma empresa, processo ou resultado de classe mundial? Na verdade, parece não haver um consenso sobre isto. Diferentes pesquisadores e organizações trabalham com definições diversas.

The Hackett Group, por exemplo, toma como Classe Mundial (World Class) os resultados do 1º quartil em seus amplos levantamentos. Já o Aberdeen Group considera as empresas presentes no grupo das 20% de melhor desempenho.

De qualquer modo, a expressão é utilizada para caracterizar que uma empresa está entre as melhores do mundo. São organizações que se destacam pelas boas práticas e ótimos resultados que promovem, interna e externamente, a reputação da excelência dos produtos e serviços que oferecem, contribuem para a competitividade do País e, de algum modo, para a melhoria da sociedade [1].

Segundo a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade, “Classe Mundial” é o termo utilizado para caracterizar uma organização, prática de gestão ou resultado, como sendo um referencial de excelência. Porém, segundo a Solomon & Associates, o nível de performance denominado Classe Mundial não é aquele que umas poucas instalações podem ocasionalmente atingir e sim o melhor desempenho que um número significativo de plantas podem atingir rotineiramente [2].

Uma definição mais operacional e útil seria:

“Bens, serviços e processos classificados por clientes e especialistas do setor como estando entre os melhores dos melhores. Essa designação denota excelência no estabelecimento de padrões em termos de design, desempenho, qualidade e satisfação e valor para o cliente, quando comparada com todos os itens semelhantes de qualquer lugar do mundo”.

world-class. adj.

1. Classificada entre os principais do mundo; de um padrão internacional de excelência; da mais alta ordem.

2. Ótimo, em importância, preocupação ou notoriedade. The American Heritage® Dictionary of the English Language, Fourth Edition copyright ©2000 by Houghton Mifflin Company. Updated in 2009. Published by Houghton Mifflin Company.

Segundo Oskar Olofsson, especialista sueco em Seis Sigma e Lean Manufacturing [3], o nível de desempenho das empresas industriais de classe mundial é:

Medida de desempenhoClasse Mundial
Rejeição por qualidade, por milhão-500
Tempo de setup-10 min
Capacidade utilizada-90%
Perdas por quebra (Breakdown)-1%
Produção no tempo planejado-100%
Tempo de resposta em mudanças de engenharia no processo-1 dia
Fonte: http://www.articlesbase.com/management-articles/world-class-manufacturing-benchmarks-894975.html# em 19.06.12.

Referências

1 – http://www.fnq.org.br/site/415/DesktopDefault.aspx?PageID=415 Acesso em 12.01.12.

2 – Hernu, Michael, Using Benchmarking Data Effectively, Solomon Associates, Inc., Original em http://www.mt-online.com/articles/03-01mm01.cfm agora indisponível.

3 – Original em http://www.articlesbase.com/authors/oskar-olofsson/150404 agora in disponível.

Veja também: http://blog.hedish.org/2010/09/02/world-class/ (em inglês)

Qual é a sua definição?

O maior especialista no uso de indicadores na gestão de pessoas

Jac Fitz-enz

Apesar de sua reputação como um profissional de números, Jac Fitz-enz insiste que não começou com a intenção de se concentrar em métricas. “Meu objetivo era encontrar uma maneira que as atividades de RH pudessem ajudar a melhorar a tomada de decisões nas empresas”, diz ele. “Nunca gostei muito de números. Na verdade, fui reprovado em matemática duas vezes no colégio.”

E, no entanto, sabia intuitivamente que a única maneira que ele e outras pessoas da área podiam fazer a diferença em suas empresas era entendendo as métricas e sendo capazes de conversar quantitativamente com outros executivos. Como nenhum outro executivo de recursos humanos falava dessa maneira, Fitz-enz decidiu iniciar a conversa com seu artigo de 1978 no Personnel Journal.

Em 1998, talvez no auge de sua popularidade, Fitz-enz vendeu o Saratoga Institute para a Spherion, mas continuou no cargo de gestor. Em 2003, a empresa foi vendida para a PricewaterhouseCoopers e Fitz-enz se aposentou oficialmente do instituto. “É uma prova do trabalho de Jac que a Saratoga foi adquirida por uma empresa de contabilidade”, disse Yves Lermusiaux, presidente da iLogos Research, uma divisão da RecruitSoft com sede em San Francisco. “Isso mostra que as pessoas agora estão levando a sério a medição de RH e analisando as consequências financeiras.”

Fonte: Cuadron, Shari. Jac Fitz-enz, Metrics Maverick. Apr. 01, 2004. Disponível em: https://www.workforce.com/news/jac-fitz-enz-metrics-maverick. Acesso em 14.6.21

Benchmarking – Uma palavra ainda sem tradução que descreve um conceito importante.

Benchmarking – Um conceito útil

O benchmarking incentiva olhar para fora da organização.

Os primeiros ganhadores do Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige tinham uma coisa em comum. Adotavam o benchmarking como ferramenta de gestão para impulsionar aspectos como qualidade e desempenho de seus negócios. Essas empresas tornaram-se modelos a ser seguidos e ajudaram outras a entender e implantar a metodologia, que hoje é uma das mais usadas pelas grandes empresas.

A ferramenta de gestão Benchmarking é um recurso que apela para o espírito da competição construtiva e tem muitas variantes. Seguem três definições que ajudam a esclarecer o conceito.

Processo de Benchmarking

Benchmarking é…

… o processo contínuo de medirmos nossos produtos, serviços e práticas com os mais fortes concorrentes ou com as companhias reconhecidas como líderes da indústria.   (Definição formal da Xerox)

… a atividade contínua de comparação dos próprios processos, produtos e serviços com a atividade similar mais conhecida de modo que metas desafiadoras, porém factíveis, sejam estabelecidas e um curso de ação realista seja implementado, a fim de tornar e continuar sendo eficientemente o melhor dos melhores em um prazo razoável.   (Gerald J. Balm)

… o nome genérico dado aos processos de aprendizado que buscam identificar, compreender e aproveitar os resultados e as boas práticas das organizações. (Bachmann & Associados)

Um cuidado importante

Para fazer benchmarking não basta que os indicadores sejam calculados do mesmo modo, i.e., estejam padronizados. É importante que os sistemas sejam semelhantes. Uma solução é fazer o agrupamento de sistemas semelhantes (a chamada estratificação) para então fazer as comparações dos indicadores. Por exemplo, agrupar empresas do mesmo setor, fábricas com a mesma tecnologia ou máquinas com idade semelhante.

A eficácia do benchmarking como ferramenta de gestão é evidenciada pelo uso intensivo, como mostra a pesquisa anual de utilização das ferramentas de gestão realizada pela Bain & Company.

1. Benchmarking84 %
2. Planejamento estratégico84 %
3. Pesquisas com clientes80 %
4. Remuneração por desempenho76 %
5. Missão / Visão73 %
6. Terceirização71 %
7. Segmentação do mercado69 %
8. Gestão pela Qualidade Total61 %
11. Balanced Scorecard57 %
Fonte: Bain & Company. Resultados das 60 empresas brasileiras de estudo com 708 empresas no mundo, realizado em 2003. A pesquisa é feita desde 1993. Na HSM Management março-abril/04.

Um indicador original

Foto do Shakespeare’s Globe Theater – London.
Foto do Shakespeare’s Globe Theater – London. Imagem por RGY23 from Pixabay

Antes das empresas para medir audiência, já existiam soluções para esse problema que sempre afligiu os profissionais do teatro, como explica Doc Comparato, em seu livro Da Criação ao Roteiro [1]:

“Em 1500 existiam nove teatros em Londres, outros tantos em Paris e alguns mais em Roma. Como se media a audiência naquela época? Pela quantidade de “merda” de cavalos que se acumulava na frente dos teatros europeus no dia seguinte à apresentação das peças. As pessoas iam de carruagem assistir às peças. Quanto maior o sucesso, mais cavalos parados na frente do teatro durante a apresentação do espetáculo. Na manhã seguinte se media o êxito de determinado grupo teatral pela quantidade de fezes de animais que era recolhida. Daí surge a expressão mérde ou “merda” em português antes de estrear algum espetáculo teatral ou cinematográfico, que ao contrário do que se pode imaginar significa “boa sorte”.

Esse tipo de avaliação indireta pode ser bastante vantajoso quando a medição direta é difícil ou cara. Nesses casos escolhemos um parâmetro – ou proxy – que se comporta de modo similar ou proporcional ao da variável que desejamos medir e, portanto, por ser usado no lugar dessa.

Outro exemplo interessante de uso de proxy foi dado por Hans Rosling, no livro Factfulness [2], quando ele afirma que a “Taxa de Mortalidade Infantil” pode ser uma melhor referência do desenvolvimento de um país do que o clássico Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH).

Referências:

1. Comparato, Doc. Da Criação ao Roteiro: teoria e prática. Summus, São Paulo. 2009.

2. Rosling, Hans. Factfulness: Ten Reasons We’re Wrong About the World – and Why Things Are Better Than You Think. Parte do resumo disponível em https://www.gatesnotes.com/media/features/books/Factfulness_Excerpt.pdf.  Acesso em 30.05.18.