Medindo e promovendo a inovação – II

O Radar da Inovação, desenvolvido pela Bachmann & Associados para uso pelo SEBRAE no Projeto ALI, permite mensurar a inovação em 13 dimensões do negócio.

Mas, além de permitir avaliar o efeito das ações tomadas para tornar a empresa mais inovadora, olhar cada dimensão separadamente permite identificar oportunidades que, de outro modo, poderiam passar despercebidas. Isso acontece porque temos uma tendência em inovar essencialmente em poucos aspectos como produto e processo de produção. Entretanto o número de possibilidades é muito maior.

Para servir de inspiração, desenvolvemos para o SEBRAE um Guia para a Inovação [1], que está disponível para download gratuito na Biblioteca Iterativa SEBRAE. Leia e descubra novas formas de aprimorar teu negócio.

Se você quer inovar, tem de criar. Marty Neumeier

Referência:

1. Bachmann. Dórian L. Guia para a Inovação: Instrumento de orientação de ações para melhoria das dimensões da Inovação. SEBRAE-PR. Curtitiba PR. Disponível em: https://bis.sebrae.com.br/bis/conteudoPublicacao.zhtml?id=5624. Acesso em 30.09.20.

Medindo e promovendo a inovação – I

Radar da Inovação

Existe uma grande variedade de indicadores de inovação, mas a maioria das métricas se aplica exclusivamente às grandes empresas. Por exemplo: Número de patentes, números de doutores na equipe, percentual do faturamento com novos produtos, etc. Mas, como podemos medir, e ao mesmo tempo encontrar oportunidades para inovar nos pequenos e médios negócios?

Para avaliar o progresso das empresas ao longo do caminho para se tornarem inovadoras sistêmicas, e também para identificar oportunidades para a inovação, o SEBRAE usa uma metodologia denominada Radar da Inovação [1].

O Radar, baseado no trabalho do professor Mohanbir Sawhney, diretor do Center for Research in Technology & Innovation, da Kellogg School of Management [2, 3] observa quatro dimensões principais:

  1. As ofertas criadas.
  2. Os clientes atendidos.
  3. Os processos empregados.
  4. Os locais de presença.

Entre essas, o professor Shawhney aponta mais oito dimensões também importantes.

Na metodologia desenvolvida para o SEBRAE foi incluída, ainda, a dimensão “Ambiência inovadora”, já que um clima organizacional propício à inovação é requisito para uma empresa inovadora.

A medida de cada uma dessas dimensões oferece uma visão multifacetada do negócio e aponta aspectos para a inovação.

“O sistema de medição por si só não torna a empresa mais inovadora, mas cria as bases para a gestão da inovação”.

Maximiliano Carlomagno, consultor do blog 3M Inovação

Na parte II, veja uma referência com ideias para inovar em cada uma das dimensões do Radar.

Referências:

1. BACHMANN, D. L.; DESTEFANI, J. H. Metodologia para Estimar o Grau de Inovação nas MPEs: Cultura do Empreendedorismo e Inovação. In: XVIII SEMINÁRIO NACIONAL DE PARQUES TECNOLÓGICOS E INCUBADORAS DE EMPRESAS, Aracaju, SE, Brasil. Anais… Aracaju/SE: 22 a 26 de setembro de 2008. Disponível em: https://www.dropbox.com/s/rmiew3xo9lj22o3/Artigo%20Grau%20de%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20nas%20MPE1.pdf?dl=0 Acesso em 29.09.20.

2. Sawhney, Mohanbir. Wolcott, Robert C. and Arroniz, Inigo. The 12 Different Ways for Companies to Innovate. MIT Sloan Management Review (Spring 2006). pp. 75-81. Disponível em: http://emotrab.ufba.br/wp-content/uploads/2019/06/SAWHNEY-Mohanbir-The-12-Different-ways-for-companies-to-innovate.pdf. Acesso em: 29 set. 2020.

3. HSM Management. As 12 dimensões da inovação. Vol.1. Jan/fev.2007. pp.104-112.

Indicadores para a Economia Circular

Os indicadores para a avaliação do progresso das empresas na adoção da Economia Circular geralmente cobrem os seguintes aspectos*:

  • Quantidade de resíduos gerados.
  • Quantidade de resíduos enviados para descarte.
  • Percentual de recicláveis usados como matéria prima.
  • Percentual de recicláveis existente nos produtos.
  • Desperdícios.

Mas ainda não há uma padronização na forma de fazer essas medidas, o que reduz as possibilidades de comparações entre empresas (benchmarking) e a troca de experiências e boas práticas.

Mas, o que é a Economia Circular?

É um conceito baseado na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. É vista como uma forma de dissociar o crescimento econômico do aumento no consumo de recursos.

Nota: * – Informações fornecidas pelas representantes das empresas Posigraf, Amcor e KWM na live de 19.08.20 organizada pelo Sinpacel e mediada por Angela Finck.

Microstyle – The Art of Writing Little

Comentários sobre o livro

Escrito por Christopher Johnson, um linguista que trabalhou na Lexicon Branding, empresa que criou marcas como Pentium e Blackberry, orienta sobre como escrever textos curtos, objetivos e poderosos na comunicação de ideias. Para isso, criou o conceito do microestilo (microstyle), que se refere às mensagens curtas, de apenas uma palavra, uma frase ou uma ou duas sentenças curtas.

O autor reconhece a mudança na comunicação do dia a dia, em que as redes sociais mudaram a forma de relacionamento e de troca de ideias. Agora prevalecem os textos curtos, não apenas no Twitter, que impôs o limite de comunicar ideias com menos de 140 caracteres, mas também no Facebook, no WhatsApp e em outros recursos modernos.

Segundo ele, a interação entre mensagem, mente e contexto é que faz o significado acontecer. Assim, o redator deve levar em conta todos esses aspectos. Para apresentar a estratégia do chamado microestilo, o livro conta com quatro seções: Significado, som, estrutura e contexto social.

Uma das melhores maneiras de tornar uma mensagem envolvente é fazer com que o seu leitor viva, não apenas pense no que é escrito. Afinal, vivemos situações. Para isso, uma técnica que ele recomenda é descrever uma situação em detalhes, ao invés de apenas contar. Por exemplo, não dizer apenas que o dia estava bonito, mas descrever a presença do sol, de árvores, flores, etc. para que o leitor conclua que o dia era bonito. Naturalmente, essa técnica – útil na escrita em geral, não se aplica diretamente nos microtextos.

Mas, para quem espera orientações objetivas e operacionais, o livro é decepcionante. Vários exemplos, especialmente slogans de empresas, são repetidos e outros exigem alguma cultura americana para a correta interpretação.

Justamente por isso, não espere para breve uma tradução do livro, pois é um desafio e tanto. Muitos exemplos se referem a produtos e situações típicas americanas. Pior, vários exemplos relacionados ao uso de sons são apresentados por meio de palavras em inglês, tornando a tradução do texto uma tarefa hercúlea.

Leia um trecho selecionado

How do you pack a lot of meaning into a little message? You don’t. That’s the first lesson of microstyle. A message isn’t a treasure chest full of meaning. It’s more like a key that opens doors. A message starts a mental journey, and meaning is the destination. A successful message sends people in the right direction but allows them to use their wits and the cues provided by context to get there. Keeping this in mind makes you think about how your message fits into a larger picture and points to ideas without expressing them directly. The interaction of message, mind, and context makes meaning happen”.

O livro

Johnson, Christopher. Microstyle; The art of writing little. W. W. Norton & Company. New York. 1 Ed. 2011. (Em inglês)

Post original de set/20, atualizado em jul/23.

Na análise dos dados, contexto é fundamental

Foto de quebra cabecas em que estea zendo colocada uma peça diferente.

Ao analisar dados devemos levar em conta os números mas, também, o contexto em que eles foram colhidos e as características dos processos e das pessoas que serão impactadas pelo resultado da análise. Devemos buscar uma visão abrangente, incluindo aspectos técnicos, humanos e, por vezes, até políticos. Um alerta sábio sobre os cuidados que devemos ter nas análises foi dado pelo general Donald Rumsfeld.

Existem conhecidos conhecidos. Estas são coisas que sabemos que sabemos. Existem desconhecidos conhecidos. Ou seja, há coisas que sabemos que não sabemos. Mas também há desconhecidos desconhecidos. Coisas que não sabemos que não sabemos. – Donald Rumsfeld

Dois exemplos. Uma rotatividade de 50% em uma equipe de 4 pessoas é diferente do mesmo resultado em um time de 150. Enquanto no primeiro caso uma situação fortuita pode ter definido o resultado, no segundo está bem clara a existência de um problema estrutural.

Quando o repórter da TV, nas tradicionais reportagens de comparação de preço de materiais escolares feitas no início de cada ano letivo, lança a manchete “Materiais escolares têm mais de 200% de diferença de preço entre lojas”, ele não comenta que isso acontece com as borrachas e lápis, que têm um custo unitário muito baixo. Assim, se em um lugar custa R$1,00 e em outro R$2,50, ele aponta a variação de 250%. É claro que isso raramente acontece na mesma proporção em produtos de maior custo.

Portanto, quem analisa dados tem a obrigação de considerar e referenciar o contexto, de modo a apresentar conclusões consistentes e com credibilidade.