Causa ou efeito?

Alguns autores, como Maram Marimuthu et alii [1] identificaram uma correlação positiva entre o desempenho das organizações e o investimento em capital humano, incluindo as ações de treinamento.

A conclusão óbvia trazida pelo texto é que vale a pena treinar. Mas, sendo isento na análise, temos que concluir que, ainda que os fatos estejam relacionados, não temos segurança para afirmar o que é causa e o que é efeito. Afinal, também é possível acreditar que organizações com negócios mais favoráveis e lucrativos tenham mais recursos para investir em treinamento.

Uma análise semelhante foi apresentada por Sara Kaplan [2] ao afirmar “Verifiquei se as pesquisas científicas realmente corroboram a ideia de que diversidade traz melhor desempenho e minha conclusão é que não há necessariamente uma relação de causa e efeito. É bem possível que diversidade e performance sejam dois aspectos de ‘ser uma ótima empresa’”.

Então, na análise de dados, sempre que temos resultados que se correlacionam, devemos ser bastante críticos em tentar saber o que é causa, o que é efeito ou, ainda o que é apenas consequência de algum terceiro motivo ou coincidência.

Referências:

  1. Marimuthu, M., Arokiasamy, L. and Ismail, M. Human Capital Development and Its Impact on Firm Performance: Evidence From Developmental Economics. Uluslararası Sosyal Arastırmalar Dergisi. The Journal of International Social Research. Volume 2 / 8 Summer 2009. pp. 265 – 272. Disponível em: http://www.sosyalarastirmalar.com/cilt2/sayi8pdf/marimuthu_arokiasamy_ismail.pdf. Acesso em 20.06.19
  2. Revista HSM. Vamos inovar em diversidade de gênero? Dez 4, 2017.

Gestão do indicador ou do processo?

Christer Idhammar, conhecido consultor da área de manutenção industrial e fundador da IDCON, comenta que um fábrica de papel para impressão que produz 600.000 t/ano com duas máquinas que processam papel reciclado tem um resultado muito bom com menos de 0,3 horas totais de manutenção por tonelada, enquanto a maioria das empresas usa cerca de 0,5 horas totais de manutenção por tonelada [1].

Esse tipo de indicador, muitas vezes adotado pelas empresas, pode ser uma causa de problemas se administrado de forma errada.

Na verdade, a questão se resume ao clássico conceito de causa e efeito. É comum que os gestores reduzam a mão de obra para buscar um resultado mais próximo do benchmark desejado. Essa abordagem, entretanto, leva a maiores problemas e maiores custos, quando não a uma crise na confiabilidade dos sistemas. É, portanto, uma estratégia ruim.

O caminho inteligente consiste em alterar as práticas de manutenção, enfatizando as ações preditivas e preventivas, que vão levar a uma menor demanda de serviços de manutenção. É possível que, em um primeiro momento, até ocorra um pequeno aumento nos custos e na demanda de mão de obra, mas em seguida os benefícios, traduzidos em maior confiabilidade, menor consumo de sobressalentes e efetiva redução na mão de obra necessária, irão aparecer.

Essa mesma situação ocorre na gestão de diversos outros processos em que os gestores optam por administrar o indicador, ao invés de administrar o processo que afeta o resultado do indicador. Lembra de algum exemplo? Comente.

Referência:

1. Pulp & Paper International. June 2012. p. 11.