Comentários sobre o livro
No ótimo livro, contendo alguns trechos anteriormente publicados em revistas e outros inéditos, o Prof. Kanitz expõe sua visão, que compartilho na quase totalidade, sobre a profissão do Administrador Profissional.
Ele não descreve técnicas e receitas, mas trata de postura profissional, ética e enfatiza coisas que se poderiam chamar de bom senso, mas que precisam ser lembradas.
Com o defeito de, em alguns momentos, ser repetitivo, é uma leitura fácil e leve, mas profunda. Os capítulos “Administrando Pessoas Estranhas”, “Administrando Pessoas Muito Estranhas” e “Administrando Com Desconfiança” são especialmente úteis para os profissionais de recursos humanos.
Como o autor comenta na introdução “Este não é um livro de administração comum. Ele não irá discorrer sobre técnicas administrativas nem sobre as melhores práticas usadas pelas melhores e maiores empresas do país. Mas será um livro que fará de você um administrador melhor”. É exatamente o que encontrei.
Seguem alguns trechos que, no contexto do livro, naturalmente fazem mais sentido, mas que mesmo isolados dão uma visão sobre a obra:
– Existem duas formas de mudar o mundo, a forma revolucionária típica de partidos de esquerda, e a forma conservadora típica de partidos de direita, liberal e neoliberal.
– … discordo destas faculdades que ensinam Empreendedorismo.
– Uma decisão malfeita é melhor do que uma decisão não feita.
– Nossa bandeira deveria conter a frase invertida: “Progresso e Ordem”.
– Impera no Brasil o Nepotismo, o Paternalismo, o Favoritismo, em todas as esferas.
– Infelizmente, por falta de uma cultura Administrativa, o Brasil nunca desenvolveu a meritocracia, que é um sistema de seleção e promoção das pessoas mais capazes e treinadas para as funções de comando que irão exercer na comunidade.
– O professor é visto como um sábio, um intelectual, alguém que tem solução para tudo. E com o tempo os alunos acreditam.
– Temos um ensino no Brasil voltado para perguntas prontas e definidas, por uma razão muito simples: é mais fácil para o aluno e também para o professor.
Nota pessoal: sobre este tema, recomendo a leitura do livro “Só pode ser brincadeira, Sr. Feynman!” (Feynman, Richard P. Só pode ser brincadeira, Sr. Feynman! – As excêntricas aventuras de um físico. Editora Intrínseca Ltda. Rio de Janeiro, RJ. Edição digital: 2019).
– A questão que todo intelectual é forçado a enfrentar é: devo dizer o que eu penso, ou devo dizer o que a plateia quer ouvir. Se meu compromisso é com a integridade intelectual, a minha opção é a primeira.
– Revolucionários normalmente são pessoas com reduzido conhecimento administrativo.
– Administrador de empresas na minha opinião não pode participar do lucro nem ter ações da companhia, senão perde sua independência como conciliador de interesses.
Apesar de minha admiração pelo autor, naturalmente não concordo com todas as suas posições. Assim, continuarei a usar o termo gestor como sinônimo de administrador, mas é sem dúvida uma ótima leitura para estudantes, profissionais da administração e responsáveis pela gestão pública.
O livro
Kanitz, Stephen. A Missão do Administrador: Administração Como Filosofia de Vida. 2014. Disponível na Amazon (https://www.amazon.com.br/Miss%C3%A3o-Administrador-Administra%C3%A7%C3%A3o-Como-Filosofia-ebook/dp/B0182K6WMO/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=1J9BOL68NZVXF&keywords=kanitz&qid=1642252166&s=books&sprefix=kanitz%2Cstripbooks%2C174&sr=1-1) por irrisórios R$9,99 e gratuitamente, para leitura on-line, em https://administrador.pressbooks.com/?fbclid=IwAR0fA2By_TJPvJiq0s-Ty_eZzDeT2NAJldYFzT_XgKRdZN20rzl-xq0HxIw