Sobre Dorian Bachmann

Sou especialista em indicadores de desempenho e benchmarking. Ajudo na seleção, padronização, apresentação, uso e interpretação de indicadores de desempenho, para identificar oportunidades de melhorias, estabelecer metas mais eficazes e obter aumento da produtividade e competitividade. Capacitação técnica (graduação e pós-graduação) e gerencial (MBAs em marketing, negócios e tecnologia da informação), reforçada por prática profissional variada e com foco em resultados. Ênfase em gestão por meio da medição de desempenho, com o auxílio de indicadores. Engenheiro químico com sólida experiência gerencial e em processos industriais e mineração. Vivência em P&D, projeto básico e engenharia de acompanhamento de processos. Trabalhei na Petrobras (Engenheiro, Pesquisador e Gerente Geral da Unidade de Negócios da Industrialização do Xisto), IBM e Companhia de Urbanização de Curitiba. Fui sócio e diretor da Bachmann & Associados Ltda., consultoria voltada para o uso gerencial de indicadores e benchmarking. Apaixonado pela inovação e pela Qualidade Total como fontes de vantagem competitiva para as organizações. Tenho apresentado palestras e cursos relacionados ao uso de indicadores e do benchmarking na gestão. Autor do livro "Indicadores de RH como Ferramenta de Gestão: obtendo e mostrando resultados", publicado pela Qualitymark. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9716761840221952 Disponível para consultoria no uso de indicadores e benchmarking na gestão, inclusive pro-bono.

Medindo eventos raros

Eventos raros, como acidentes, não podem ser medidos se não acontecem. Também são de difícil uso como indicadores por serem poucos e, portanto, não terem representação estatística.

Assim, uma forma de monitorar é medir o tempo decorrido entre as ocorrências. Afinal,  temos bons resultados quando nada acontece e o tempo entre os eventos tende a aumentar. Por isso as empresas costumam registrar o número de dias desde o último acidente. Esse tipo de resultado também facilita a comunicação com o público de interesse, pois é de fácil compreensão.

Por isso vemos na frente de muitas indústrias um cartaz informando há quantos dias estão sem acidentes.

POST250618 de jun/25

Ansiedade versus indicadores

Uma das maiores fontes de ansiedade em um ambiente em que as respostas demoram (Delayed Return Environment) é a incerteza constante. Não há garantia de que trabalhar duro na escola lhe dará um emprego. Não há certeza de que os investimentos vão aumentar no futuro. Não há garantia de que ir a um encontro lhe dará uma alma gêmea. Viver em um ambiente em que as respostas demoram significa que você está cercado de incertezas.

Então o que você pode fazer? Como você pode prosperar em um ambiente que cria tanto estresse e ansiedade?

A primeira coisa que você pode fazer é medir alguma coisa. Você não pode saber com certeza quanto dinheiro terá na aposentadoria, mas pode remover algumas incertezas da situação medindo quanto economiza a cada mês. Você não pode ter certeza de que conseguirá um emprego após a formatura, mas pode acompanhar com que frequência entra em contato com empresas sobre estágios. Você não pode prever quando encontrará o amor, mas pode prestar atenção em quantas vezes se apresenta a alguém novo.

O ato de medir toma uma quantidade desconhecida e a torna conhecida. Quando mede algo, você imediatamente fica mais seguro sobre a situação. A medição não resolverá magicamente seus problemas, mas esclarecerá a situação, tirará você da caixa preta de preocupação e incerteza e te ajudará a entender o que realmente está acontecendo.

Fonte: Clear, James. The Evolution of Anxiety: Why We Worry and What to Do About It. 28 de maio de 2016, Disponível em: https://lifehacker.com/the-evolution-of-anxiety-why-we-worry-and-what-to-do-a-1767562440 Acesso em 27.04.20.

POST250617 de jun/25

Não basta ter dados

Imagem por 200 Degrees em Pixabay 

A Sports Authority foi um ótimo exemplo de organização na coleta de dados. Com mais de 450 lojas em todo o país e um sofisticado investimento em business intelligence, a Sports Authority coletou quase 114 milhões de registros de clientes e 25 milhões de endereços de e-mail. Infelizmente, não conseguiu aproveitar essa informação toda para ajudar na execução de sua estratégia e evitar a liquidação completa de suas lojas.

Os dados coletados continham um enorme potencial, tanto que a Dick’s Sporting Goods comprou os dados, junto com outras propriedades intelectuais, por US$15 milhões [1].

Em resumo, não basta contar com grande volume de informações, coisa cada vez mais fácil nos dias atuais,. É necessário usá-los e fazer isso de uma forma competente e alinhada à estratégia do negócio.

Referência

1. G. Lance Jakob at http://reliabilityweb.com/articles/entry/the-evolution-of-performance-measurement Acesso em 13.04.17.

Post 250613 de jun/25

Os verdadeiros estatísticos sempre cantam seus resultados antecipadamente

Desenho de dois círculos com bolinhas coloridas. Um maior, representando a população e outro menor, representando uma amostra do primeiro, e uma flecha do primeiro para o segundo.

“Sempre que os charlatães encontram um padrão, inspiram-se e testam os mesmos dados para esse mesmo padrão para publicar o resultado com um valor p ou dois, legitimadores, ao lado de sua teoria. Eles estão mentindo para você (e talvez também para eles mesmos).

Esse valor-p não tem significado, a menos que você tenha se comprometido com sua hipótese ANTES de analisar seus dados.

Felizmente, se você tiver muitos dados, terá uma bela oportunidade de aproveitar análises e estatísticas sem trapacear. Você também tem a proteção perfeita contra charlatães. É a chamada divisão de dados e, na minha opinião, a ideia mais poderosa em ciência de dados.” — Cassie Kozyrkov

Crédito: Texto da Cassie Kozyrkov em: https://towardsdatascience.com/how-to-spot-a-data-charlatan-85785c991433

Post 220922 de mai/25

Uma estratégia não convencional para gerar engajamento

Imagens de Freepik

O beisebol é tradicionalmente considerado o esporte nacional dos Estados Unidos, mas, fora daquele país, poucas pessoas se interessam por ele. Os fãs costumam atribuir esse desinteresse ao desconhecimento das regras, o que torna o jogo pouco atrativo para quem assiste. Faz sentido.

Nas empresas, algo semelhante pode estar ocorrendo. Colaboradores são frequentemente designados para tarefas repetitivas e monótonas, sem compreender claramente como seu trabalho contribui para os objetivos organizacionais.

O uso de indicadores de desempenho para monitorar processos, aliado ao esclarecimento das relações de causa e efeito com métricas mais próximas dos resultados do negócio, oferece uma visão mais clara e significativa. Isso favorece o engajamento.

Em outras palavras, muitos profissionais estão “jogando um jogo que não entendem”. O uso adequado de indicadores torna as regras visíveis e dá propósito às atividades, fortalecendo o senso de pertencimento e o engajamento das pessoas. Contribui, sem dúvida, para uma estimulante gamificação do dia a dia no trabalho.

Post250605 de jun/25

Gerir o indicador ou o processo?

O indicador é o mesmo, mas a abordagem gerencial muda — e isso faz toda a diferença.

Imagem de Edinaldo Maciel edy boy por Pixabay

Um conhecido consultor da área de manutenção industrial e fundador da IDCON, comenta que um fábrica de papel para impressão que produz 600.000 t/ano com duas máquinas que processam papel reciclado tem um resultado muito bom, com menos de 0,3 horas totais de manutenção por tonelada, enquanto a maioria das empresas usa cerca de 0,5 horas totais de manutenção por tonelada [1].

Esse tipo de indicador, muitas vezes adotado pelas empresas, pode ser uma causa de problemas se administrado de forma errada.

A questão se resume ao clássico conceito de causa e efeito. É comum que os gestores reduzam a mão de obra para buscar um resultado mais próximo do benchmark desejado. Essa abordagem, entretanto, leva a maiores problemas e maiores custos, quando não a uma crise na confiabilidade dos sistemas. Logo, não é uma estratégia inteligente.

A abordagem sensata consiste em alterar as práticas de manutenção, enfatizando as ações preditivas e preventivas, que vão levar a uma menor demanda de serviços de manutenção. É possível que, em um primeiro momento, até ocorra um pequeno aumento nos custos e na demanda de mão de obra, mas em seguida os benefícios, traduzidos em maior confiabilidade, menor consumo de sobressalentes e efetiva redução na mão de obra necessária, irão aparecer.

Essa mesma situação ocorre na gestão de diversos outros processos em que os gestores optam por administrar o indicador, ao invés de administrar o processo que afeta o resultado do indicador. Lembra de algum exemplo? Comente.

Referência

1. Pulp & Paper International. June 2012. p. 11.

POST250228 de fev/25

Riscos trabalhistas

Imagem de wirestock no Freepik

“O trabalho é assinado por Raphael Corbi, Rafael Ferreira e Renata Narita, do Departamento de Economia da USP, e por Danilo Souza, do Departamento de Economia do Insper. Para chegar aos números, os autores analisaram 1,5 milhão de sentenças judiciais em primeira instância proferidas na área de jurisdição do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2) entre 2008 e 2013, além de dados da Relação Anual de Informações (Rais). O levantamento mostrou que juízes decidiram a favor dos trabalhadores em 72% dos casos, com indenizações equivalentes a 9,2 vezes o rendimento médio mensal no Brasil.” [1].

Esses números justificam que a área de RH aja preventivamente e monitore a quantidade de reclamações trabalhistas [2], para avaliar se as ações preventivas estão sendo eficazes.

Referências

1. YANO, Célio. Regra trabalhista gerou 1,7 milhão de empregos, diz estudo. Mas STF limitou seus efeitos. Gazeta do Povo, Curitiba, 29 jun. 2022. Economia. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/regra-reforma-trabalhista-gerou-17-milhao-de-empregos-diz-estudo-stf-limitou-efeitos/. Acesso em: 19 fev. 2025.

2. BACHMANN, Dórian L. Indicadores de RH como Ferramenta de Gestão: obtendo e comunicando resultados. 1ª ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2023. www.indicadoresrh.com.br

POST250219 de 19.2.25

O fator humano na análise de dados

Você se arrisca?

Medo na hora de tomar decisões podem impedir vitórias

Estamos todos carecas de saber que a mudança é a única certeza que ainda temos nestes tempos incertos. Mesmo assim, lutamos brava e desesperadamente contra a onda renovadora, tentando evitar o inevitável. Muitos até incorporam o discurso da modernização, mas nossas almas humanas, e por isso mesmo covardes, nos impelem para a prática conservadora. Sofremos, procrastinamos, relutamos em deixar para trás nossos velhos hábitos.

Conheço profissionais competentes que apesar de reconhecer racionalmente que suas estratégias não funcionam como antes e que suas situações de mercado exigem soluções radicalmente novas, deixam o tempo passar sem tomar as decisões que precisam. Querem saber por que eles fazem isso? Porque são de carne e osso, como eu e você.

Caminhos inexplorados

Estudos científicos comprovam o que muitos intuem – em situações de incerteza, as pessoas preferem garantir um avanço pequeno a arriscar uma ampla vitória. Estamos mais preocupados em minimizar os riscos de falhas do que em desbravar caminhos inexplorados.

Quer uma prova? Os cientistas Daniel Kanehman e Amos Tversky propuseram a um grupo de pessoas a seguinte questão: “Imagine que vocês são médicos trabalhando em um vilarejo na Ásia e descobrem que 600 pessoas estão com uma doença que pode matá-las. Existem dois tratamentos possíveis. Se vocês escolherem o método A, vão salvar exatamente 200 pessoas. Mas se escolherem o B existe um terço de chance de salvar todas as 600 pessoas e dois terços de não salvar ninguém. Qual tratamento escolheriam?”. A grande maioria dos pesquisados escolheu a opção A.

Para outro grupo de pessoas, foi proposta uma situação semelhante, mas com um final ligeiramente diferente: “Existem dois tratamentos possíveis. Se vocês escolherem o método C, exatamente 400 pessoas vão morrer. Se escolherem o D, existe um terço de chance de ninguém morrer e dois terços de morrer todo mundo. Qual escolheriam?”. Dessa vez, a maior parte escolheu a D.

Instinto ancestral

As duas opções são exatamente iguais. Mas os enunciados diferentes produziram resultados distintos. No primeiro caso, os pesquisados preferiram garantir a vida de 200 pessoas a arriscar perder todo mundo. No segundo, confrontados com a certeza da morte de 400 pessoas, resolveram tentar salvar todos. Por trás de ambas as decisões, entretanto, existe o mesmo instinto ancestral – o da perpetuação da espécie, o que nos tempos modernos pode ser entendido como manutenção do emprego ou garantia de receita para o sustento da família, mesmo que em menor quantidade.

Evitamos o risco e tentamos adiar ao máximo as decisões perigosas. O problema é que hoje em dia não há mais segurança e restam poucas certezas, entre elas a de que tudo passa, tudo sempre passará.

Reproduzido da Revista GOL, n° 30, setembro 2004. p. 82

POST241212 de dez/24

Teoria ou hipótese?

Nessa época em que tanto se fala em ciência para defender pontos de vista pouco científicos, vale relembrar.

Hipótese é a suposição de algo que pode (ou não) ser verdade e que deve ser submetida a testes para verificação de sua validade.

Teoria é uma hipótese que foi testada e aprovada. Na ciência, teorias são hipóteses matematicamente apontadas como a explicação mais plausível (sempre com o erro máximo de 5%), que repetidamente é confirmada em experimentos.

“Nenhuma teoria deve ser considerada provada, não importa quanta evidência haja para apoiá-la; em vez disso, aceitamos uma teoria até que seja refutada. Portanto, embora um milhão e uma observações de ovelhas brancas não possam confirmar a hipótese geral de que todas as ovelhas são brancas, uma única ovelha negra é suficiente para apontá-la como falsa”. – Karl Popper, filósofo.

Ou como brincou, com razão, Roberto Colacioppo, da Anova Consultoria, no LinkedIn: “Nem mesmo podemos afirmar que uma ovelha é branca apenas observando um lado dela”.

POST241205 de dez/24