Indicadores para medir pessoas?

Moça medindo um manequim com fita métrica.

Sempre afirmei que o único indicador de RH que deveria ser medido individualmente é o Absenteísmo. Mas, depois de ler um artigo sobre burnout [1], conclui que acompanhar o número de horas extras realizadas, de forma individual, pode ensejar ações que contribuam para uma melhor gestão, ajudando a prevenir burnout, acidentes e absenteísmo.

Entretanto, é uma medida que deve ser usada com cuidado, no sentido de proteger os trabalhadores de cargas de trabalhos extenuantes, e não de forma policialesca para conseguir “um número bom”. Com esse bom propósito, os valores extremos (empregados com maior volume de horas extras feitas) são mais importantes para a gestão do que a média da equipe, valor usualmente considerado na gestão, e esses elevados volumes de horas trabalhadas devem aparecer nos relatórios.

Outro cuidado a observar é que, muitas vezes, as empresas acompanham apenas o número de horas extras pagas, ignorando aquelas que serão compensadas. Mas, nesse caso, o que vale é considerar as horas efetivamente trabalhadas.

Referência

1 – MacDuff, Kevin. Diagnosing and Preventing Nurse Burnout Using People Analytics, June 5, 2018. Disponível em:

https://www.visier.com/clarity/preventing-nurse-burnout-using-people-analytics/?mkt_tok=eyJpIjoiWlRnd05UTTJOMlUzTURJeiIsInQiOiI1c3pLT1JmNGhNT2JJT3JtRXpORGx0bkU0Ymh6cSt6Q2s5NWRWN21GYU5MSU00M3Irc3QwRjJ3MXk4eG9HamQ5TDlHN1RJQTA0NWJhaUpEaXJqV2ozRWFRTmVDSVNTeFYzcDdYZ0p1WGRnOUlkT2Z5RVwvaEZ3Q0VmcVV1VU1Wc2wifQ%3D%3D Acesso em 6.06.18.

Gestão de pessoas ou de processos?

Medindo pessoas de diferentes alturas com uma régua.

Tanto as pesquisas acadêmicas como profissionais experientes reconhecem que avaliar pessoas por meio de indicadores costuma trazer mais malefícios que vantagens.

Talvez a exceção seja o absenteísmo que, até por razões legais, além do prejuízo à organização e à equipe, pode e deve ser medido para cada empregado. Outro indicador que deve ser monitorado individualmente, para prevenir desgaste do colaborador e atender às exigências legais, é a quantidade de horas extras realizadas.

Os demais indicadores devem estar vinculados aos processos e seus resultados, constituindo-se em importante ferramenta para a gestão da rotina e das melhorias, além de servir de estímulo para os colaboradores.

O Benefício dos Benefícios – Um problema de percepção.

Desenho com benefícios para empregados

A Revista Melhor [1] publicou uma análise interessante sobre as vantagens que a oferta de benefícios, ao invés de salário, oferece aos colaboradores, como segue:

Para cada 100 reais que a companhia oferece para o funcionário como salário, o custo desse investimento, digamos, pode chegar a 195 reais para a empresa, levando-se em consideração nesse cálculo aspectos como encargos sociais, FGTS, 13º salário, abono de férias etc. Se esse mesmo valor (100 reais) for oferecido como um benefício, o resultado para a organização cai para 60 reais em função do impacto disso no imposto de renda sobre lucro e contribuição social. Do ponto de vista do funcionário, as operações se assemelham, mas as variáveis nos levam a outros resultados. Assim: ter 100 reais a mais como salário pode significar receber 90 reais no fim de tudo, logo depois de pensarmos nos descontos com o imposto de renda, FGTS, etc. Se o valor for recebido na forma de um benefício, o que era 100 reais pode passar a valer 480 reais. Isso em função dos valores dos itens oferecidos. Um plano de saúde, por exemplo, custa bem mais para o funcionário se ele for comprá-lo no mercado do que recebê-lo pela empresa, que pode negociar melhores preços com uma operadora graças à economia de escala.

Entretanto, essa abordagem racional muitas vezes não traz o resultado desejado, pois os empregados não têm essa percepção de valor e, se perguntados, possivelmente prefeririam ter o adicional na forma pecuniária. De que forma as empresas podem proceder para aumentar a percepção do valor dos benefícios pelos empregados? Tua empresa faz alguma ação nesse sentido? Contribua com sugestões nos comentários.

Fonte: Revista Melhor – Gestão de pessoas. Especial 2012 Saúde. Ed. Segmento, p. 29.

Gestão de Pessoas é Resultado Organizacional

Limpando uma mesa

Respeito à cultura organizacional e atitudes dos empregados são alicerces para o trabalho de gestão de pessoas em todas as áreas. Percebendo que a Gestão de Pessoas passa pela produtividade e qualidade, com competências fundamentadas na estrutura dos cargos, e que essas vertentes representam resultados efetivos da empresa, os Gestores de Recursos Humanos devem estar preparados com habilidades técnicas e comportamentais. Habilidades como solução de problemas, de escutar, de analisar, de se relacionar e de se expressar de forma adequada em todas as formas de comunicação.

O RH é uma área da empresa que, como as demais, tem que gerar resultados para a organização. E mais, tem que mostrar os resultados. Para isso precisa de números – a linguagem universal dos negócios.

A relação entre as ações e resultados da gestão das pessoas fica bem demonstrada em um exemplo fornecido por um cliente de nosso relatório de Benchmarking de Indicadores de Recursos Humanos.

Rodolfo Tornesi Lourenço, gerente de RH da Jasmine Alimentos, exemplificou a importância do acompanhamento dos indicadores corporativos e de áreas com um case: a rotatividade das empregadas da limpeza era muito elevada, gerando baixa qualidade, retrabalhos, custos, reclamações e, consequentemente, problemas de relacionamento.

Após estudar o processo, os custos e a estrutura dos cargos envolvidos, ele propôs os ajustes necessários por meio de três medidas:

  1. Apresentou as colaboradoras, as principais responsáveis pelas atividades de limpeza, às pessoas das áreas que elas atendiam, estabelecendo uma relação mais pessoal, respeitosa e humana.
  2. As pessoas entenderam os objetivos dos cargos que envolvem os serviços de limpeza e iniciaram a limpeza das superfícies das mesas, cuidando das ferramentas que compõe suas atividades.
  3. A área de Recursos Humanos entregou para cada colaborador um pequeno kit com o material adequado.

O efeito das ações eliminou perda de pessoal e se refletiu no resultado do indicador de rotatividade, que impacta diretamente o resultado financeiro e a rentabilidade da empresa.

Concluindo, a Gestão de Recursos Humanos tem como ferramenta vital os indicadores, que apoiam as ações junto aos processos, cargos e pessoas, devendo ser apresentados para todos os gestores.

O sucesso está na contribuição real da área de Recursos Humanos nos resultados da empresa, permitindo que as outras áreas visualizem a contribuição para os resultados da organização.

Nota: Agradecemos ao Rodolfo Tornesi Lourenço pelo case.

Retenção ou Rotatividade. Qual métrica usar?

Homem segurando um planeta com pessoas eum gráfico de barras.

Boa parte das empresas acompanha a Retenção 90 dias e tenta melhorar o resultado do indicador por meio de medidas para agradar o funcionário. Errado!
 
A Retenção 90 avalia a adequação entre a empresa e o empregado no início da relação. Reflete, portanto, o desempenho do processo de seleção e recrutamento.
 
Para avaliar se a empresa está tratando bem o colaborador, os indicadores apropriados são a Rotatividade Voluntária e as pesquisas de clima.

Não vale medir tudo!

Mecânico fazendo manutenção em asa de avião.

Fonte: Free Flight TAM News. p. 34.

A gestão com Indicadores deve ser feita com cuidado, medindo as coisas certas. Uma atividade importante na indústria é a execução dos planos de manutenção de máquinas e equipamentos. Esses planos fazem parte da rotina essencial para a preservação dos ativos e não são programas de melhoria.

Alguns gestores consideram que o Percentual de Atendimento do Plano de Manutenção (realização física) é um indicador. Discordamos. Por ser um trabalho obrigatório, não há espaço para qualquer resultado diferente de 100% e, portanto, não faz sentido monitorar esse percentual. Neste caso, qualquer desvio deve ser tratado como uma “Não Conformidade” e analisado para gerar ações corretivas de modo a evitar que se repita.

Entretanto, um gestor que encontre uma situação ruim pode acompanhar – temporariamente – mês a mês, o Número de Não Conformidades para que possa avaliar seu progresso na organização do trabalho de modo a estabelecer a rotina de manutenção obrigatória. Esse esforço também pode incluir a simplificação das rotinas de manutenção, se bem estudadas e aprovadas pelos especialistas, para facilitar sua execução.

Veja adiante um exemplo de plano de manutenção usado na indústria aeronáutica, publicado na revista da TAM [1]. Como gestor você aceitaria uma realização de 98%?

Você sabia que, a cada pouso, 57 itens do avião são verificados em um tempo que varia de 15 a 20 minutos, no máximo? A inspeção de trânsito, feita por um funcionário qualificado, garante que freios, quantidade de óleo nos motores, combustível e pressão dos pneus, por exemplo, estejam em perfeita ordem quando a aeronave decolar novamente.

Para que cada voo seja tranquilo e seguro, a manutenção é realizada em diversos níveis. A cada 48 horas, no máximo, duas pessoas fazem a chamada inspeção diária – que está em um nível seguinte à de trânsito -, em que são verificados outros 53 itens. Os funcionários levam em geral de três a seis horas para realizar a tarefa, cumprida independentemente de o avião ter voado ou não.

Depois de 600 horas de voo – o equivalente a cerca de cinco semanas – é a vez da manutenção de nível A, em que são checados mais 84 itens. Nessa etapa, 40 pessoas realizam a tarefa em uma noite. Com 18 a 20 meses de operação – ou 6 500 horas de voo – o avião vai para o Centro Tecnológico da TAM, em São Carlos. Lá, 60 pessoas levam cerca de cinco dias para inspecionar mais 210 itens da aeronave.

Referência:

  1. FREE FLIGHT TAM NEWS. 2008. p. 34.

Ferramentas de gestão

A variedade de ferramentas de gestão usada nas empresas é muito elevada. Para que o gestor de RH possa se relacionar bem com seus pares, e entender quais aspectos são importantes na qualificação dos colaboradores, é conveniente que conheça esses recursos. Um bom resumo, descrevendo cada ferramenta em uma ou duas páginas, pode ser encontrado em:

http://www.bain.com/Images/BAIN_BOOK_Management_Tools_2017.pdf

Causa e efeito

Um aspecto importante no uso dos indicadores está ligado à observação das relações existentes entre eles, o quê, muitas vezes, indica vínculos de causa e efeito. Um interessante exemplo de relação de causa e efeito, que remonta ao início da civilização [1], afirma que no Egito antigo os impostos eram decididos com base no nível máximo alcançado pelo rio Nilo durante a inundação anual. Faz sentido, pois quanto maior a inundação, maior a quantidade de sedimentos depositada, melhor a colheita e maiores os impostos. Uma perfeita relação de causa e efeito.

Outro exemplo da relação entre indicadores – ainda pouco usual na área de recursos humanos – foi dado pela Hunter Douglas [2]. A empresa investigou a ligação entre a rotatividade dos colaboradores e a qualidade dos produtos. Nas divisões com rotatividade mais alta (70% no semestre), os níveis de produtos danificados chegavam a mais de 5%. A implantação de um programa de mentoring reduziu a rotatividade para 16% no semestre, com reflexos muito positivos na taxa de produtos fora de especificação.

Usando a mesma abordagem, a eficácia de uma campanha de vacinação contra a gripe poderia ser avaliada pela redução do número de dias perdidos, monitorado pelo indicador Absenteísmo Médico.

Referências:

1 – Citado por Mike Bourne, Director, Centre for Business Performance, no PMA Forum, em 9.03.06.

2 – HSM Management, Por que odiamos o RH, março-abril, 2006, pp. 130-136.

Medição é importante, mas não é tudo.

A medição é um aspecto crítico para a melhoria do desempenho. Mas, as organizações nem sempre obtêm resultados com o que medem. Se a medição, por si só, tivesse um grande Impacto sobre o comportamento, qualquer pessoa com uma balança não seria obesa. O que a medição proporciona são dados. Se esses dados não forem usados na tomada de decisões gerenciais adequadas e para produzir os esforços que levem às melhorias, um bom sistema de indicadores terá pouco valor.

Fonte: Takashina, Newton Tadashi. Medindo o seu sistema de indicadores: O seu sistema de indicadores está bem equilibrado?. Rio de Janeiro. Mar/98.

Engajamento x faturamento

Segundo pesquisa da Aon, o aumento de 5 pontos percentuais no engajamento está diretamente relacionado ao crescimento de 3% de faturamento no ano seguinte. E quando o engajamento cai, as empresas devem esperar maior rotatividade, absenteísmo e queda na satisfação dos clientes.

Fonte: Revista Melhor. Abril 2018. p. 30.