Redação da meta

Alvo com lápis como se fora um dardo.

Toda meta tem de esclarecer dois pontos:

  • O quê desejamos (quantificação objetiva do resultado).
  • Quando (momento em que o resultado pretendido deve ser alcançado).

Mas, a forma como a meta é descrita também é importante. Afinal, a meta objetiva comunicar, direcionar e estimular. Para isso, é importante o uso da linguagem correta. Vamos comparar duas formas de escrever que dizem a mesma coisa?

1 – Reduzir as horas paradas do moedor, por falta de matéria prima, em 50% em 2019.

2 – Reduzir as horas paradas do moedor, por falta de matéria prima, de 32h/mês em janeiro para 16h/mês em dezembro de 2019.

Qual alternativa é mais clara para a equipe envolvida com o dia a dia da operação do equipamento e que será a responsável por atingir a meta?

Qual costuma ser usada pelos gerentes? É a mesma?

Como os remédios eficazes, os indicadores também podem apresentar efeitos colaterais

Foto de mulher chateada com os maus resultados em frente a um notebook.
Imagem de Freepik

Nenhum sistema de gestão resiste à má-fé e às pessoas mal-intencionadas, mas boas intenções também não são suficientes. É preciso contar com um ambiente aberto e uma equipe motivada para fazer o certo. Mas, ainda assim, quando escolhemos os indicadores para a gestão de algum processo, devemos ser criteriosos e pensar em todas as possibilidades, especialmente se a melhora do resultado traz algum benefício para os responsáveis pela execução das atividades que impactam as métricas.

Posso dar dois exemplos bem representativos e esclarecedores em que uma má escolha dos indicadores levou a resultados indesejados.

Terceirizar para enfeitar

Uma grande empresa de petróleo, tomando como referência benchmarks estrangeiros, estabeleceu como um importante indicador para avaliar o desempenho de suas refinarias o “número de barris de petróleo processados por empregado por ano”. Mas as refinarias tomadas como modelo conseguiam resultados bem melhores por contarem com elevado grau de automação e estarem instaladas em locais com grande oferta externa de peças e serviços.

O que aconteceu? Ao longo do tempo, os gestores responsáveis por alcançar as audaciosas metas, mas em uma realidade bastante distinta, migraram para um modelo de elevada terceirização. Explica-se. Na medida em que os empregados eram substituídos por terceirizados – que contam como custo, mas não são contabilizados como “empregados” – os resultados se tornavam mais favoráveis. Assim, o que era um indicador voltado para o aumento da produtividade acabou se tornando um agente de incentivo à terceirização.

Antecipando a morte para não contabilizar

Um segundo exemplo, publicado pela revista Veja, mostra que o esforço para mostrar bons resultados no indicador de mortes infantis na ilha dos irmãos Castro levou a ações que, na prática, prejudicam as pessoas, como pode ser atestado pela observação de outros indicadores, como o número de abortos.

A solução

Na escolha dos indicadores, siga o conselho típico dos livros de autoajuda: tenha cuidado com o que deseja, pois poderá se tornar realidade (mas a custa de coisas que você não quer).

A solução técnica para o problema consiste em selecionar indicadores que reflitam de forma mais completa o resultado desejado. No primeiro caso, a solução poderia ter sido a escolha da métrica “número de barris processados por pessoa (empregados ou contratados) no ano” ou outra que considerasse o custo total (que inclui tanto a folha de pagamento dos empregados quanto os serviços terceirizados) para o processamento de um barril de petróleo.

No segundo caso, adotar não um, mas um conjunto de indicadores, de modo a prevenir que as ações para melhorar um aspecto (número de mortes de recém-nascidos) seja conseguida à custa de prejuízos em outros (número de abortos). O estabelecimento de metas equilibradas para as diversos métricas levaria a uma gestão com melhores resultados globais.

Post de set/18 atualizado em mar/24

Entre a sensibilidade e o conhecimento – Um bate papo

Capa da Revista melhor, de agosto/18.

Saber equilibrar emoção e razão é um dos segredos para uma boa gestão de recursos humanos, na avaliação de Dórian L. Bachmann, diretor da Bachmann & Associados. E outro fator entra nessa equação: o uso de indicadores. Mas, dos indicadores certos.
O que caracteriza, na sua opinião, uma boa gestão de recursos humanos?
Um equilíbrio entre emoção e razão, entre sensibilidade e conhecimento. Indo além das atividades burocráticas, como a geração da folha de pagamento e as providências para cumprir as muitas exigências legais, os gestores de pessoas têm de dar atenção aos aspectos que afetam a produtividade e a rentabilidade do negócio. A maioria desses resultados depende de gente e é influenciada por trocas constantes de colaboradores, faltas frequentes e ocorrência de acidentes, entre outros fatores. Para ilustrar: do mesmo modo que o músico virtuoso é aquele que equilibra técnica, resultado de estudo e dedicação, com a emoção decorrente do prazer em tocar, o gestor de RH também precisa do equilíbrio entre o aspecto humano, focado nos colaboradores, e o racional, focado no resultado do negócio. Uma boa gestão de RH exige esse equilíbrio. Somente com o uso de ferramentas gerenciais objetivas, entre elas os indicadores de desempenho, é possível avaliar a eficácia das decisões tomadas, medir o progresso que está sendo conseguido e melhorar os processos de gestão, visando atender às pessoas e à organização.
Mas, no caso dos indicadores, é preciso ter cuidado também, não?
Realmente. A diversidade das fórmulas de cálculo usadas pelas empresas para os mesmos indicadores dificulta as comparações e pode levar a grandes diferenças de resultados. O livro The Performance Prism: the scorecard for measuring and managing business success, de Andy Neely, Chris Adams e Mike Kennerley, cita uma empresa que tinha seis diferentes fórmulas para o cálculo da receita das vendas. Nicholas Castle, no artigo Measuring staff turnover in nursing homes, observou que diferentes formas de cálculo levaram a diferenças de até 47% na medida da rotatividade, justificando a necessidade da padronização. O uso de indicadores padronizados contribui para criar uma linguagem comum que permite a comparação entre diferentes organizações ou setores, viabiliza o benchmarking, facilita o diálogo e a identificação das boas práticas. Embora bastante simples, a padronização é um desafio que exige esforço, disciplina e a experiência dos vários profissionais envolvidos no processo que será monitorado com os indicadores.
Voltando à gestão de pessoas: qual o papel desse gestor?
Cabe a ele, com uma visão de negócio, atuar para que problemas relativos ao equilíbrio que comentei sejam reduzidos. Mas para cada situação existe uma variedade de alternativas possíveis, como cuidar do clima organizacional, treinar gerentes e supervisores, etc. Como saber que as decisões tomadas foram as melhores e estão gerando o efeito esperado? Aqui, entram os aspectos objetivo e racional. Trata-se do uso de  indicadores para acompanhar tanto a execução dos planos de ação quanto para medir seus efeitos, como uma possível redução no absenteísmo. Essa abordagem também ajuda a vincular o trabalho do RH aos resultados do negócio.

Nota: Texto publicado na Revista Melhor de agosto/18.

Rotatividade e desempenho

Icones de pessoas trocando de lugar

É sabido que a troca de pessoas de uma equipe, parâmetro medido pela Rotatividade, geralmente representa custos, necessidade de novos treinamentos e, frequentemente, perda temporária de eficiência. Este fenômeno ocorre na maioria dos negócios, inclusive o da educação.

Em depoimento, a Superintendente da Educação da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Meroujy Giacomassi Cavet, apontou a alta rotatividade de professores como uma das causas para o baixo desempenho. Na maioria dos colégios que se destacou no Ideb no Paraná, a rotatividade é bem menor.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Domingo, 19 de agosto de 2012.

Escolha de indicadores

gráfico de linhas crescendo

Cada processo pode ser monitorado por uma grande quantidade de Indicadores. Como isso não é prático, ainda que com os recursos computacionais hoje possam ser facilmente calculados, temos que selecionar apenas algumas poucas métricas que são as mais importantes para que os objetivos sejam alcançados.

Para uma boa seleção, é essencial iniciar o processo identificando o quê gera mais valor para o negócio e onde os recursos são mais valiosos. Vale lembrar que os Indicadores dão foco e servem como ferramentas para monitorar a implementação da estratégia.

Dicas:

  • Um processo de escolha de Indicadores não precisa deixar de lado os que já estão sendo usados. O melhor é combinar as métricas que provaram eficácia no passado com novas perspectivas.
  • Quando os Indicadores são escolhidos para mostrar os sucessos, e não para buscar melhorias, a liderança perde credibilidade e os resultados tendem a piorar.
  • O desafio não é apenas escolher indicadores que levem a bons resultados, mas também diminuir a chance de que eles tenham consequências indesejadas.
  • Evite selecionar Indicadores com base no argumento de que eles são amplamente usados na sua área de negócio.

Natureza dos objetivos

Alvo com 3 flechas.

Um modo comum de gerenciar objetivos é a abordagem direta. Os gestores definem um conjunto claro de metas para sua equipe e um prazo para conquistá-las.

Um princípio alternativo é gerenciar objetivos obliquamente: mirar o objetivo “A”, mas, no processo de conquistar “A”, chegar a um objetivo “B” que valha a pena. É o caso da empresa moveleira Ikea, cuja visão é “criar uma vida cotidiana melhor para muitas pessoas”. Esse é um objetivo obliquo e, no processo de alcançá-lo, a empresa tornou-se muito lucrativa.

Esse princípio oblíquo foi formulado pelo economista John Kay em 1998. Seu argumento era que as empresas mais lucrativas são as que têm objetivos de alto nível, em vez de objetivos de lucratividade em si.

Fonte: Revista HSM Management n° 75, ano 13, volume 4. Julho/Agosto 2009, p. 60.

Manter ou melhorar o desempenho?

Mão apontando melhor resultado em gráfico de barras

Quando usamos indicadores temos, na prática, três situações.

A mais comum é que o indicador forneça o nível de desempenho de um processo que queremos melhorar. Nesse caso, o indicador deve ter uma meta que representa o resultado desejado em um momento futuro.

Outra situação, menos comum, ocorre quando se deseja monitorar ou melhorar um processo mas ainda não há um histórico que permita estabelecer uma meta. Nesse caso, o indicador apenas permite observar a tendência de estabilidade, piora ou melhoria.

A terceira situação acontece quando o processo está estável ou sob controle e isso é considerado satisfatório. Então, o processo é monitorado pela comparação periódica do indicador com valores de referência e, apenas nos casos em que o resultado extrapola os limites especificados, há necessidade de alguma ação. Por exemplo, se o indicador de inadimplência está em 1,7%, a empresa pode estabelecer um limite máximo de 2,0%. Assim, embora deva ser feito o acompanhamento mensal, só será tomada ação se a inadimplência ultrapassar 2%. Situação diferente acontece se a gerência estabelecer como meta o máximo de 1,5%. Nesse caso, deve-se fazer um Plano de Ação, incluindo regras mais restritivas para a concessão de crédito, visando reduzir a inadimplência. Todo mês deve-se verificar tanto a execução do Plano quanto o resultado do indicador, para que se possa avaliar a eficácia das soluções implantadas.

Em sua empresa há essa noção clara de quais indicadores são voltados à melhoria e quais são usados para manter o controle dos processos que já operam satisfatoriamente?

Por quê as empresas terceirizam?

Gráfico de barras horizontais com as razões para terceirização nos transportes.

Razões para terceirização do transporte
Fonte: Inc. Magazine. Jul./ago. 2016. p. 44-45.

Levantamento feito pela Ryder [1], empresa norte-americana de gestão de frotas, apontou as principais razões para a terceirização (figura acima).

No Paraná, a terceirização é pouco praticada pelas empresas. O 10º Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos, produzido pela Bachmann & Associados, em parceria com a ABRH, mostrou que, em 2017,  apenas 10% da força de trabalho era composta por profissionais terceirizados [2].

“A terceirização é uma técnica administrativa que é útil quando contribui para aumentar a produtividade, permite à empresa se adaptar rapidamente a mudanças de mercado, e libera tempo e recursos para atividades que agregam mais valor.”

                                       Jan Wiegerinck – Presidente da Gelre

Referências:

  1. Inc. Magazine. Jul./ago. 2016. p. 44-45.
  2. Bachmann & Associados & ABRH-PR. 10º Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos 2018: Dados de 2017. Curitiba. 2018.

Nota: Ajude-nos a conhecer a realidade da terceirização e outros indicadores usados na gestão de pessoas. Participe gratuitamente do Benchmarking Online de RH – www.indicadoresrh.com.br/planos.

Escolaridade é vantagem competitiva e marketing.

Caderno e caixa com lápis.

A Midiograf usa o indicador de escolaridade para destacar publicamente a qualidade de sua equipe. Os resultados, apresentados no folder de propaganda da empresa, na forma de barras verticais, mostra que 100% dos 147 colaboradores possuem treinamento ou curso técnico e que 85% possuem ensino superior ou médio.

Trata-se de um bonito reconhecimento de que a capacitação e a tecnologia da empresa estão nas pessoas.

Fonte: MidioNews Jan-Abr. 2008. p. 5.

Gestão de pessoas ou de processos?

Medindo pessoas de diferentes alturas com uma régua.

Tanto as pesquisas acadêmicas como profissionais experientes reconhecem que avaliar pessoas por meio de indicadores costuma trazer mais malefícios que vantagens.

Talvez a exceção seja o absenteísmo que, até por razões legais, além do prejuízo à organização e à equipe, pode e deve ser medido para cada empregado. Outro indicador que deve ser monitorado individualmente, para prevenir desgaste do colaborador e atender às exigências legais, é a quantidade de horas extras realizadas.

Os demais indicadores devem estar vinculados aos processos e seus resultados, constituindo-se em importante ferramenta para a gestão da rotina e das melhorias, além de servir de estímulo para os colaboradores.