Afinal, qual é o papel do RH?

A missão do RH é garantir uma equipe que ofereça o desempenho necessário ao negócio com o mínimo custo possível. Não quero ser mal interpretado; não estou defendendo a exploração do trabalhador ou, para usar um termo da moda, a precarização do trabalho. Mas, dentro da realidade dos negócios, o custo do pessoal costuma ser significativo e muitas vezes o sucesso da empresa depende desse custo ser bem administrado, o que é responsabilidade básica do RH.

Por essa razão, o RH busca informações sobre o salário de mercado para balizar suas ofertas (ainda que sua estratégia seja pagar, por exemplo, 10% acima da prática do mercado) e faz pesquisas de clima (pois sabe que a produtividade e os resultados dependem de uma equipe satisfeita).

Mas, claramente, a finalidade do RH não é “deixar as pessoas felizes”, como muitas vezes transparece. A gestão de pessoas é uma função de negócio e precisa ser tratada como tal. Assim, é melhor ter um profissional de bom desempenho ganhando mais que dois baratos e de performance sofrível ou oferecer um pacote de benefícios que deixe as pessoas mais satisfeitas e custe menos.

Dave Ulrich, autor do livro Por que Trabalhamos (em coautoria com Wendy Ulrich. Editora Bookman, em 2010), reforça que “o papel do RH não começa com o que o RH quer, mas sim com o que o negócio precisa para ser bem-sucedido” [1].

Veja dois exemplos [2]:

– Uma grande empresa de tecnologia e serviços analisou a rotatividade de funcionários e não gostou do que viu.  Após vários meses, sua equipe de engenharia descobriu alguns aspectos chave para a retenção de funcionários.  Acontece que os funcionários com desempenho médio (aqueles que não pertencem ao grupo dos 10% com melhor desempenho) estão dispostos a permanecer, mesmo que sua remuneração seja reduzida para quase 90% das médias de remuneração.  Os melhores desempenhos, por outro lado, sairão se não virem uma compensação bem acima da média. O impacto dessa descoberta?  Agora, os gerentes podem transferir dólares de remuneração de intermediários para altos desempenhos e melhorar drasticamente a retenção sem grandes alterações nas despesas com a folha de pagamento.

– Uma organização de serviços financeiros analisou a lucratividade de seus serviços e encontrou algumas equipes de vendas que pareciam oferecer lucratividade “acima da média”. Depois de analisar uma grande variedade de dados de RH e de produtos, eles encontraram um conjunto de vendedores mais experientes, mais bem treinados e simplesmente mais conscientes dos negócios dos produtos que estavam vendendo. O resultado: um programa de contratação e treinamento aprimorado, que deve acrescentar milhões aos resultados da empresa.

Serviço: Sugiro a leitura completa da referência 2.

Referências:

1. Revista Melhor: gestão de pessoas. pp. 29 e 30. Ano 20, n° 303.

2. Bersin, Josh. The Datafication of Human Resources. Disponível em https://www.forbes.com/sites/joshbersin/2013/07/19/the-datafication-of-human-resources/#195d156a3318 Acesso em 13.09.19.

Por quê ele pediu demissão?

Uma prática útil para reduzir a perda de colaboradores é uma análise criteriosa dos pedidos de desligamentos. Mas, conseguir as razões verdadeiras para as demissões não é uma tarefa fácil, pois as pessoas não costumam ser sinceras nesse momento. Por essa razão, o ideal é que as consultas possam garantir o anonimato.

Um especialista adota, como estratégia, despersonalizar o motivo, facilitando que o feedback seja mais verdadeiro. Para isso, usa a seguinte questão: Em tua opinião, o que a empresa deveria fazer para reduzir a rotatividade dos colaboradores?

Burger King inova

A Burger King criou um encontro de melhores práticas. Uma vez por mês, os três melhores e os três piores coordenadores de operações (segundo os resultados de turnover do mês anterior) reúnem-se na matriz para uma conversa. “Cuidamos para que esse seja um momento de troca, porque o objetivo não é expor o funcionário, e sim promover o compartilhamento de experiências.” A prática conseguiu, em alguns anos, reduzir a rotatividade em 59%.

Fonte: Exame. Burger King reduz rotatividade. Disponível em https://exame.abril.com.br/negocios/burger-king-reduz-rotatividade/ Acesso em 9.11.19.

Rotatividade – Uma pegadinha geralmente ignorada

Uma pergunta frequente que recebo é sobre como tratar a inclusão de novos empregados no cálculo da rotatividade. A resposta mais simples e óbvia, considerando que o indicador se destina a medir o “ritmo de substituição” da equipe, é que as novas contratações, isto é, aquelas que não são para repor as pessoas da equipe existente, não devem ser incluídas no cálculo.

Mas, como esses novos empregados também passam a compor a equipe, como tratar?

Para esclarecer, exemplifico com alguns números.

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Nota: O número de “empregados no início” corresponde ao número de empregados no final do período anterior, acrescido ou reduzido das admissões ou desligamentos para a mudança permanente do efetivo.

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Rotatividade de janeiro

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Nota: Observe que os dois empregados admitidos devido ao crescimento da empresa não são incluídos no cálculo deste mês.

Rotatividade de fevereiro

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Nota: Perceba que os 2 empregados ignorados no mês anterior são somados ao número de empregados no final de janeiro, para definir o número de empregados no início do período. Agora o empregado admitido em fevereiro, devido ao crescimento da empresa, não é considerado nas contas.

Pelos cálculos apresentados, observa-se que as admissões feitas no período com o propósito de aumentar a equipe (admissões para crescimento) não são incluídas no cálculo da rotatividade do período, mas passam a compor a equipe (número de empregados no início) no começo do período seguinte.

O mesmo tratamento deve ser dado aos desligamentos ocorridos devido às reduções permanentes da equipe, como as decorrentes do fechamento de um ponto de vendas ou terceirização de uma atividade, por exemplo.

O número de empregados no final corresponde ao número no início, acrescido das admissões e desligamentos de rotina. Não deve, portanto, incluir as admissões e desligamentos para mudança permanente do quadro de empregados.

Resumindo, a exclusão das movimentações para aumento ou redução permanente da equipe no cálculo da rotatividade, embora trabalhosa, resulta em um indicador fidedigno e mais adequado para a gestão.

Referência: – Bachmann & Associados & ABRH-PR. 11º Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos 2019: Dados de 2018. Curitiba. 2019. p. 17.

Rotatividade – Todos calculam

A Rotatividade parece ser o indicador preferido dos profissionais de RH. Afinal, é raro encontrar uma empresa que usa indicadores e não calcula a rotatividade. Mas, a verdade é que não é uma métrica muito boa. Ao misturar os desligamentos feitos por iniciativa da empresa com as saídas por pedidos de demissão, a informação acaba não servindo para a gestão. Muito melhor é acompanhar a Rotatividade Voluntária, que mede apenas os desligamentos feitos por iniciativa dos empregados. Esse sim é um número importante para sabermos se a empresa é boa.

Não sabe por onde começar? Comece sabendo os seus resultados. Basta preencher o formulário em https://www.indicadoresrh.com.br/ para descobrir e comparar os resultados de 12 indicadores clássicos de RH ou acesse https://mkt.bachmann.com.br/assessoria.

Post de Dez/19, atualizado em Fev/23

Indicadores de RH. Várias formas de medir. Vários resultados.

A diversidade das fórmulas de cálculo usadas pelas empresas para os mesmos indicadores dificulta as comparações e pode levar a grandes diferenças de resultados. O livro The Performance Prism: the scorecard for measuring and managing business success [1], cita uma empresa que tinha seis diferentes fórmulas para o cálculo da receita das vendas. Nicholas Castle, no artigo Measuring staff turnover in nursing homes [2], observou que diferentes formas de cálculo levaram a diferenças de até 47% na medida da rotatividade, justificando a necessidade da padronização.

O uso de indicadores padronizados contribui para criar uma linguagem comum que permite a comparação entre diferentes organizações ou setores, viabiliza o benchmarking, facilita o diálogo e a identificação das boas práticas. Embora bastante simples, a padronização é um desafio que exige esforço, disciplina e a experiência dos vários profissionais envolvidos no processo que será monitorado com os indicadores.

Os padrões de cálculo de 19 indicadores clássicos usados na gestão de pessoas (rotatividade, absenteísmo, horas extras pagas, escolaridade, etc.), desenvolvidos pela B&A e validados pela ABRH, estão disponíveis para download gratuito em: https://materiais.indicadoresrh.com.br/calculo

Referências

  1. Neely, Andy; Adams, Chris and Kennerley, Mike. The Performance Prism: The Scorecard for Measuring and Managing Business Success Hardcover â€“ June 27, 2002.
  2. CASTLE, Nicholas G. Measuring Staff Turnover in Nursing Homes, http://gerontologist.gerontologyjournals.org/cgi/content/abstract/46/2/210. Acesso em 26.01.08.

Treinamentos e treinamentos

Uma estratégia importante é concentrar o treinamento no mais relevante para o momento da organização. Para avaliar a priorização, é recomendável estratificar o volume de treinamento oferecidos nos diversos temas. Um exemplo é observado na pesquisa da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), com 599 empresas, a qual mostrou que 12,3% realizam treinamentos comportamentais e 14,4% realizam programas para gerência e supervisão. Os percentuais maiores ainda são direcionados às formações técnicas (22%), operacionais (15,9%) e obrigatórias (15,7%) [1]. 

“Os treinamentos mais técnicos, com foco no curto prazo, são afetados pelo imediatismo da apresentação de resultados financeiros. Programas de desenvolvimento, muitas vezes, não apresentam um ROI imediato, mas são mais sustentáveis e permanentes”, avalia Rocco, da BRTalent [1].

Algumas organizações também segmentam os indicadores de treinamento por grupo de empregados (executivos, especialistas, operários, etc.)

Fonte: 1. Revista Melhor. Fevereiro 2015. p. 41.

Nota: Embora os dados sejam antigos, as proporções não devem ter mudado muito.

Quer conhecer o Índice de Treinamento de outras empresas do mesmo segmento da tua? Acesse https://materiais.indicadoresrh.com.br/benchmarking_ben11

Programa de sugestões

Desenho de caixa da qual saltam ideias e um cérebro dentro de uma lâmpada.

Na Unimed Londrina (PR), o Programa de Inovação funciona com a inscrição de ideias pelos colaboradores por meio da intranet ou de urnas. As sugestões podem ser de diversas áreas, como novos processos; estímulo à inovação; produtos e treinamentos, por exemplo.

O colaborador que tiver a ideia implantada recebe R$ 500 como prêmio. Além disso, após a implantação da proposta, o colaborador recebe uma participação de 5% do valor poupado com a ideia (limitado a R$10.000,00).

Fonte: Revista Ampla. Jul/ago/set 2018. p. 27.

Onboarding

O termo em inglês onboarding significa embarcar. No contexto corporativo, trata-se de um conjunto de procedimentos adotados para adaptar e capacitar o novo colaborador quanto às suas funções, cultura e procedimentos da companhia e o que a empresa espera dele enquanto profissional.
Fonte: Revista Melhor. Junho 3019. p. 12.

PS: Onboarding, por influência das multinacionais que têm dado maior importância ao tema, vem substituindo o termo “integração” nas empresas.

Livro: How to Measure Human Resources Management

 

Crítica do livro.

Apesar de um pouco antigo, o livro é um clássico e merece ser lido pelos gestores de recursos humanos que desejam se iniciar no uso de indicadores em seu processo de gestão. O texto apresenta as razões para o uso de métricas no RH e mostra exemplos detalhados de cálculos. Os autores dão grande destaque aos principais processos do RH, como: recrutamento e seleção, benefícios e compensações, treinamento e desenvolvimento, programas de retenção e outros do dia a dia dos recursos humanos.

Assim, até os gestores que não têm intenção de quantificar os esforços e resultados por meio de indicadores podem colher muitos insights para aprimorar seu trabalho.

Mesmo superado nos aspectos tecnológicos (a 3ª edição é de 2002), o livro deveria ser de leitura obrigatória para diretores e gerentes de RH, assim como para quaisquer profissionais que almejam essas posições.

Apesar do foco em indicadores, o livro oferece conselhos de um profissional experiente sobre outros aspectos da gestão de pessoas, inclusive sobre como buscar maior valorização da área dentro da organização.

Também apresenta considerações e análises sobre aspectos mais qualitativos da gestão, como a oferta de benefícios, políticas de treinamento, etc.

Suas considerações sobre a medida do trabalho de gestão são alinhadas com o pensamento de Davenport [1], mas a abordagem é um pouco mais prática e operacional.

Outro ponto que me pareceu particularmente útil para os gestores de RH é a proposição da medição e análise dos atendimentos individuais, até como um substituto vantajoso das pesquisas de clima.

Referência

1. Davenport, Thomas H. Pense fora do quadrado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

Fonte

Fonte: Fitz-enz, Jac e Davison, Barbara. How to Measure Human Resources Management. McGraw-Hill. 2002. 3rd edition.