Entendendo a Escala de Likert

Desenho de um conjunto de sete smiles que vão do mais triste ao mais alegre, da esquerda para a direita. Sob cada uma, os números de um a sete.
Escala de Likert

A escala de Likert é uma das mais usadas para mensurar sentimentos e percepções.

Em geral, as medidas de parâmetros intangíveis são obtidas por meio de pesquisas e expressam o “sentimento” das pessoas. Nessas pesquisas, elas apontam seu grau de concordância ou discordância com uma afirmação apresentada, como no exemplo:

A Escala Likert, ou Escala de Likert, tem esse nome em homenagem ao psicólogo organizacional Rensis Likert que no artigo “A Technique for the Measurement of Attitudes”, de 1932 [1], propôs a escala de 1 a 5. A escala é uma das mais usadas em pesquisas de satisfação, inclusive sobre o ambiente de trabalho (clima organizacional).

Na Escala Likert os respondentes são solicitados não só a concordarem ou discordarem das afirmações, mas também a informar seu grau de concordância ou discordância em relação a elas. Para isso, a cada resposta deve ser atribuído um número que reflete a atitude do respondente em relação à afirmação.

Nas pesquisas de satisfação é comum associar as respostas aos termos:

  1. Muito insatisfeito
  2. Insatisfeito
  3. Indiferente
  4. Satisfeito
  5. Muito satisfeito

mas outras possibilidades também são possíveis, a depender de se questionar a concordância, a importância ou a frequência de algo.

Alguns pesquisadores preferem usar a chamada Escala de Likert Ampliada, com sete ou mesmo nove níveis, como exemplificado a seguir:

  1. Discordo totalmente
  2. Discordo moderadamente
  3. Discordo um pouco
  4. Nem concordo nem discordo
  5. Concordo um pouco
  6. Concordo moderadamente
  7. Concordo totalmente

Mas o benefício é pequeno e certamente não justifica a troca de uma escala já em uso e perder a série histórica [2].

Para evitar as respostas que não oferecem um posicionamento claro, costuma-se usar a chamada Escala de Likert Modificada, com um número par de opções, eliminando a opção “Indiferente”, que permite ao respondente se manter neutro.

Também há outras razões para usar a escala modificada [3]:

  • Marcar “indiferente” é o mesmo que não responder ao item.
  • A inclusão “indiferente” incentiva o respondente preguiçoso a simplesmente marcar todas as opções do meio, com o mesmo efeito do item anterior.
  • Em uma pesquisa desejamos que os respondentes pensem sobre o item e relatem uma opinião, por mais fraca que seja. Não incluir a opção “indiferente” incentiva o relato.

Mas essa decisão (Likert sem o ponto central) deve ser feita caso a caso, pois em algumas situações a situação é de fato indiferente para o respondente e ele deve ter a possibilidade de registrar isso. Até porque, quando a opção neutra não aparece, há evidências de que o respondente favorece ou “cai” para o lado positivo.

Quando a pesquisa é informatizada e o sistema obriga a escolha de uma resposta, pode ser conveniente incluir também uma resposta alternativa como:

Não se aplica / Não conheço ou nunca usei (o produto ou serviço).

para atender aos respondentes que realmente não têm opinião, evitando forçar uma resposta inadequada.

para atender aos respondentes que realmente não têm opinião, evitando forçar uma resposta inadequada.

Dicas

Quando a pesquisa envolve várias questões, é importante que a formatação (número de opções para cada uma) seja a mesma para todas elas, para facilitar o preenchimento e a análise.

Os maiores problemas no uso da Escala Likert estão relacionados à interpretação das afirmações. Portanto, as frases devem ser redigidas com muito cuidado e é recomendável algum tipo de teste antes de sua aplicação generalizada.

Análise

Os resultados obtidos para as diversas questões descrevem o sentimento do respondente, ou do conjunto de respondentes, em relação ao aspecto avaliado.

Para a análise, é importante entender que os itens são apenas dados ordenados [3]. Logo, na Escala Likert não se pode calcular médias para as respostas e faz mais sentido apresentar os resultados em cada categoria do que mostrar a média.

Robert Wise [4] justifica esse cuidado com uma observação: Na escala de 1 a 5, suponha que metade dos respondentes discorde fortemente (escore 1) e a outra metade concorde fortemente (escore 5). A média levaria ao escore 3, uma situação morna de “não concorda nem discorda” que, claro, não representa a realidade.

Exemplificando. Em uma consulta sobre remuneração, é pedido que cada respondente marque a opção que melhor representa sua opinião em relação à afirmação “Minha remuneração é justa”.

Observe que a média das respostas (2,6 na escala de 1 a 5), embora sinalize descontentamento, não dá uma boa indicação da realidade.

Portanto, nas análises é melhor determinar o percentual de cada resposta.

A linha inferior, com os percentuais, já é uma boa referência para algumas conclusões. Mas, para simplificar a análise, é comum que as respostas 1 e 2 sejam tratadas como pertencentes a um mesmo grupo e as 4 e 5 a outro.

Essa forma de observar os resultados indica que o nível de satisfação com a remuneração praticada pela empresa é baixo. Apenas 20% dos colaboradores pesquisados se mostrou satisfeito e metade (50%) expressou insatisfação. Também pode ser oportuno anotar a porcentagem de não respondentes, quando for o caso.

Os resultados obtidos dessa forma são particularmente úteis para avaliar as mudanças de percepção ao longo do tempo (desde que as questões e o público sejam sempre os mesmos), comparando resultados obtidos em diferentes épocas e após diferentes ações de gestão. Entretanto, não é recomendada para comparar organizações diferentes, pois:

  1. As questões relevantes mudam de empresa para empresa.
  2. A interpretação das questões está sujeita à cultura organizacional e as mesmas afirmações podem ter conotações diversas para grupos diferentes.

Em geral, também não é adequado fazer a média dos resultados de diferentes questões de uma pesquisa, embora em alguns casos esse número sugira a visão coletiva dos respondentes sobre o conjunto das perguntas.

Resumindo, as primeiras pesquisas de opinião ou de satisfação eram objetivas e perguntavam se as pessoas queriam ou não um serviço, se gostavam ou não de um produto. Ao longo do tempo, as consultas foram se tornando mais complexas. A Escala de Likert trouxe simplicidade e facilidade para responder e interpretar os levantamentos, sendo amplamente usada em pesquisas de marketing, de clima organizacional e outras em que se deseja obter informação sobre preferências, opiniões, atitudes e percepções das pessoas. Mas sua interpretação exige alguns cuidados.

Se um conjunto específico de dados é subjetivo ou objetivo não depende do quê está sendo medido (que pode ser uma opinião), mas como está sendo medido (que pode variar em função do julgamento humano exigido). – Robert Wise

Referências

1. Likert, Rensis (1932), A Technique for the Measurement of Attitudes, Archives of Psychology, 140: pp. 1-55. Disponível em: https://legacy.voteview.com/pdf/Likert_1932.pdf. Acesso em 22 ago.17.

2. Jeff Sauro, Jeff. Should you use 5 or 7 point scales? August 25, 2010. Disponível em https://measuringu.com/scale-points/ Acesso em 11.5.24.

3. Bachmann, Dórian L. Escalas de Medição: Entender  é essencial para analisar as medidas. Aguardando publicação.

4. Wise, Robert, Managing with Measures: how to use performance measurement to manage for results and document success. Disponível em: www.managingwithmeasures.com/mwm-blog. Acesso em 22 ago.17.

POST240514 de ago/17, revisado em mai/24

O Novo RH

Gestão de RH2

Anete Castro é Diretora de RH da LG Lugar de Gente. Em 2014 ela, que era CFO, começou a se envolver em algumas questões da área de gestão de pessoas. Alguns projetos de que participou apresentaram bons resultados e ela foi convidada a acumular a área de RH e o departamento de EAD (1).

Essa notícia sugere algumas reflexões:

  1. A história destaca o sucesso da executiva, mas não comenta o destino da pessoa que, anteriormente, geria o RH.
  2. Possivelmente um gestor de RH com mais visão do negócio, e não focado apenas nos processos internos de recursos humanos, teria preservado sua posição e pudesse até trazer mais benefícios à organização.
  3. As empresas querem que o gestor de RH tenha um “perfil voltado para resultado e totalmente integrado à estratégia da empresa”.

Esse exemplo é um alerta. O gestor de RH tem que conhecer a empresa, sua estratégia e ser capaz de comunicar objetivamente (com números) sua contribuição para a organização. O caso da LG não é único. Na Sulamérica, Patrícia Coimbra acumula a direção de RH com a área de sustentabilidade, depois de uma carreira em TI e planejamento econômico, financeiro e estratégico, além de ter passado pela área comercial.

Na opinião de Deborah Abi-Saber, da Red Bull, o que “dá asas” para a carreira do RH pode ser agrupado em quatro fatores:

  1. entender que precisa saber do business tanto quanto o CEO;
  2. entregar resultados de alto nível, saber quantificá-los para que, de fato, comprove que foram de alto nível e assim sair da subjetividade;
  3. fazer o que é certo, da forma certa;
  4. entender que você nunca sabe tudo e que deve aprender com cada novo caso, cada pessoa, cada desafio.

Então, antes que alguém de fora tome seu posto, invista em conhecer as áreas clientes, suas necessidades, de que forma o RH pode ajudar e – igualmente importante – mostre suas contribuições de forma objetiva, por meio de números e indicadores.

Referência: (1) – Revista Melhor. Dez. 2016. p. 20-29.

Desejo x aborrecimentos – Uma medida importante

Panera Bread Logo (Marca registrada)

Panera Bread Logo (Marca registrada)

A Panera Bread, um cadeia de cafeterias norte-americana adotou como objetivo estratégico melhorar a relação desejo/inconvenientes. Nas palavras do fundador e CEO Ronald Shaich: “O desejo pela experiência ou produto deve ser maior ou igual às inconveniências, ou ‘custo’ do produto ou experiência”.

O original indicador, que baliza as decisões na empresa, tem contribuído para o sucesso da organização que já tem mais de 2.000 lojas.
Fonte: www.linkedin.com/pulse/desire-to-friction-ratio-how-change-happens-panera-bread-trevail Acesso em 13.08.17.

Saúde Corporativa – como estamos indo?

Saúde

A “Pesquisa sobre a gestão de saúde corporativa”, realizada pela ABRH Brasil e pela Aliança para a Saúde Populacional (ASAP) em maio e junho de 2017 e respondida por 668 profissionais de recursos humanos, concluiu que:
  • 51% das empresas não têm programas estruturados para gerenciamento de grupos de risco como diabéticos, hipertensos etc., que costumam ser os usuários de maior custo para os planos de saúde.
  • Em 81% delas, os custos subiram acima da inflação dos 12 meses anteriores; em 55% delas, mais do que o dobro da inflação.
  • 40% não utilizam a coparticipação nas consultas e exames, pagando integralmente seu valor.
  • 54% não trabalham com indicadores.
Fonte: Revista Melhor. Julho 2017. p. 35.

Medindo e comparando o desempenho de máquinas e equipamentos.

Desempenho

Para avaliar a operação de máquinas e equipamentos é comum que usemos indicadores. Assim, a maioria dos responsáveis pela produção sabe qual a quantidade que um equipamento produziu ou consumiu no mês anterior.

Para saber se o desempenho está melhorando, os gestores precisam fazer comparações com os resultados dos meses anteriores. Porém, as produções ou consumos mensais não são comparáveis. Isto ocorre porque os meses têm um número variado de dias úteis e as máquinas apresentam paradas por diversos motivos.

Uma maneira de resolver esse problema é calcular, para cada mês, a produção ou o consumo específico. No caso exemplificado, poderia ser o resultado diário ou por hora. Assim, para cada mês, podemos calcular a produção horária de papel ou o consumo diário de óleo lubrificante. Tais resultados podem ser comparados mês a mês para identificar as mudanças, para melhor ou pior, garantindo ações corretivas mais rápidas.

Exemplificando: Não dá para comparar o consumo mensal de energia elétrica mês a mês, pois o número de dias úteis varia entre os meses do ano. Mas, se os consumos forem apresentados em kWh/dia útil no mês, a comparação histórica se torna possível, destacando melhorias de desempenho e viabilizando decisões gerenciais. Assim, embora o consumo mensal seja importante como custo, não é uma boa referência para análise de performance.

Participe Gratuitamente do Benchmarking de Recursos Humanos

Benchmarking

A Bachmann & Associados, em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos ABRH-PR, seccional do Paraná, realiza anualmente um levantamento de indicadores de recursos humanos. O “8° Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos”, realizado em 2016, contou com dados de195 organizações do Estado e colheu os resultados de 12 indicadores tradicionais da área de RH, como:

  • Absenteísmo
  • Absenteísmo Médico
  • Rotatividade Voluntária
  • Diversidade da Força de Trabalho
  • Grau de Escolaridade
  • Grau de Terceirização
  • Horas Extras Pagas
  • Retenção 90 dias
  • Índice de Treinamento
  • Uso da Remuneração Variável
  • Rotatividade
  • Taxa de FrequeÌ‚ncia de Acidentes com Afastamento TFCA

Para participar gratuitamente da 9ª edição, basta se registrar em www.indicadoresrh.com.br/gratis e fornecer os dados de 2016 até 31 de julho de 2017.

Os participantes que fornecerem seus dados no prazo concorrem a um ingresso para o CONPARH2018 e CONARH 2018. Os não associados da ABRH-PR terão acesso aos benefícios de fazer parte da Associação de agosto a novembro deste ano.

Clique aqui para conhecer o relatório do ano passado.

Dúvidas: Fale conosco em indicadoresrh@bachmann.com.br ou 41 3324-5336.

Escalas e descrições

Uma questão de comunicação.

Em muitos casos usamos um indicador para comunicar o nível de desempenho alcançado ou desejado. Mas, considerando que nós humanos temos dificuldade em interpretar grandezas expressas em números, uma equivalência entre a escala numérica e textos descritivos que oferecem maior sensibilidade às pessoas pode ser desejável.

Exemplifico com as bulas de remédios, quando registram a frequência com que as reações adversas são relatadas, como mostrado a seguir [1].

  • Reação muito comum (ocorre em mais de 10% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação rara (ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação muito rara (ocorre em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento.

Então, que tal inovar e apresentar algumas descrições para as faixas de resultados esperados dos principais indicadores da empresa? Experimente e nos conte o resultado.

Fonte: 1 – Bula da Sinvastatina, Laboratório Novamed. 2016.

POST170522 de mai/17, atualizado em jun/24

Comparabilidade de indicadores

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O uso mais comum dos indicadores consiste na comparação com outro ou outros valores. Podem ser resultados, metas, referenciais de excelência ou algum outro parâmetro. Nesses caso, o risco mais óbvio é que os valores tenham sido calculados ou obtidos de forma diferente, o que pode prejudicar a comparação.

A diversidade das fórmulas de cálculo usadas pelas empresas para os mesmos indicadores dificulta as comparações e pode levar a grandes diferenças de resultados. Segundo um levantamento[1], diferentes formas de cálculo levaram a diferenças de até 47% na medida da rotatividade – indicador clássico usado na gestão de recursos humanos, justificando a necessidade de padronização.

Um conjunto de padrões de cálculo (Identidades) para os indicadores clássicos de RH foi desenvolvido pela Bachmann & Associados, em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-PR) e está disponível para download gratuito em www.bachmann.com.br/website/idrh.htm.

Referência:

[1] – Castle, Nicholas G. Measuring Staff Turnover in Nursing Homes, http://gerontologist.gerontologyjournals.org/cgi/content/abstract/46/2/210 Acesso em 26.01.08.

O PIB é um bom indicador?

PIB

O tamanho do PIB diz mais sobre o tamanho do país do que sobre seu desempenho. Não é, portanto, uma boa métrica nem para indicar o progresso nem para servir de referência sobre a qualidade de vida de sua população.

Para avaliar a evolução do pais, a variação do PIB – ou seja a relação entre o valor obtido em um ano e a alcançada no ano anterior – seria mais apropriada. E, para mensurar a qualidade de vida do povo, o PIB per capita se mostra mais apropriado, pois indica a parte da riqueza que caberia a cada um, no caso de uma distribuição de renda igualitária.

Logo, sermos a 7ª economia do mundo (2014), com base no PIB, diz mais sobre nosso tamanho do que sobre nossa capacidade de gerar riqueza. Ou alguém imagina que em 2014 nossa qualidade de vida era melhor que a canadense?

Referência: Exame. http://exame.abril.com.br/economia/pib-em-dolar-cai-25-e-brasil-cai-para-a-posicao-de-9a-economia-do-mundo

O mundo muda e o que parecia consolidado deixa de ser

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Na era da disputa pela maior altura, escritório de arquitetura ateniense cria nova categoria de medição: o comprimento.
É verdade que essa métrica tem mais relação com o Guiness do que com gestão, mas serve para nos mostrar que, às vezes, as medidas tradicionais têm de ser reavaliadas também em nossas organizações.
 
Os indicadores que serviram em um momento deixam de ser relevantes em outro e podem, muitas vezes, tornaram-se apenas uma carga burocrática. Será que não é o momento de rever as medidas e os relatórios usados na gestão?
Referência citada: http://veja.abril.com.br/blog/cidades-sem-fronteiras/edificios-longos