Reunião de Análise Crítica

Analise critica

A Análise Crítica, ou verificação criteriosa dos processos e seus resultados, deve ser feita de forma sistemática e frequente.

Uma das etapas mais importantes desse processo é a Reunião de Análise Crítica. O planejamento da reunião deve incluir:

  • Lista de participantes, tomando o cuidado de incluir representantes de todos os envolvidos, independentemente do nível hierárquico. Afinal, não é uma reunião de gerentes ou supervisores, mas de um grupo de profissionais vinculados ap processo.
  • Frequência, que não deve variar e pode ser mensal, trimestral ou outra, conforme as características do processo sob análise.
  • Disponibilidade dos dados, de preferência também em forma visual, para facilitar a interpretação, como gráficos de barra ou diagramas de controle.

Processo. O que é isso?

Processo – Desenho pelo autor

Você acredita em mágica? Na verdade, a essência da gestão está em acreditar que os resultados decorrem de causas e que, atuando nas causas, podemos mudar os efeitos.

O conjunto de causas, ou atividades, que geram um resultado é denominado processo. E uma organização é um conjunto de processos.

Portanto, podemos definir processo como uma combinação de pessoas, materiais, procedimentos, métodos, políticas e meio ambiente que, integrados, conduzem a determinado resultado. Ou, de forma mais detalhada:

Processo é um conjunto organizado de atividades, usando determinado conjunto de recursos (ativos), que obedece a uma estratégia específica (métodos e procedimentos) para manipular entradas e obter as saídas (resultados) desejadas.

Logo, é bem representado pelo Diagrama de Causa e Efeito de Ishikawa.

Diagrama de Ishikawa – Desenho pelo autor

Todo processo tem um ou mais clientes, que devem ser considerados nas decisões relativas ao processo.

Para facilitar, é comum classificar os processos em dois grandes grupos [1]:

  • Processo de produção. Qualquer processo que entra em contato direto com o hardware ou software que será entregue a um cliente externo, até o ponto em que o produto é embalado (por exemplo, fabricação de computadores, preparação de alimentos para consumo em massa, refinamento de petróleo, troca de minério de ferro em aço). Não inclui os processos de envio e distribuição.
  • Processo de negócio. Todos os processos e processos de serviço que suportam processos de produção (por exemplo, processo de pedido, processo de alteração de engenharia, processo de folha de pagamento, projeto de processo de fabricação).

Algumas pessoas julgam que contar com processos padronizados dificulta a inovação, mas isso não é verdade. Na verdade, o processo documentado é a base ou referência a partir da qual podem ser planejadas as melhorias. Na prática, os processos acabam sendo catalisadores e canalizadores da inovação, da melhoria contínua e da efetiva gestão do conhecimento [2].

A disciplina e a repetibilidade criada pela execução continuada e controlada dos processos leva as empresas à  previsibilidade de resultados, tirando a dependência de esforços extraordinários ou mesmo do fator sorte para a  obtenção do sucesso pretendido.

Processo é qualquer atividade ou grupo de atividades que receba uma entrada, agregue valor a ela e forneça uma saída a um cliente interno ou externo. – James H. Harrington

Referências:

  1. Harrington, H. James, Business Process Improvement: the breakthrough strategy for total quality, productivity and competitiveness, McGraw-Hill, NY, 1991.
  2. Revista Mundo PM. Excelência em Gestão de TI: uma visão integrada das melhores práticas. Renato Chaves Vasques. pp. 24-25.

Post de maio/17 atualizado em jul/22.

O número de piratas influencia a temperatura global? ou Correlação implica em causa e efeito?

Quantidade de piratas versus temperatura global

Quantidade de piratas versus temperatura global

É uma brincadeira comum entre os analistas de dados a conclusão, baseada em uma forte correlação de dados [2], que a redução na quantidade de piratas provocou o aumento da temperatura global. Isso serve para mostrar que uma boa correlação nem sempre está associada a um vínculo de causa e efeito.

Mas, uma relação de causa e efeito necessariamente implica em correlação?

A resposta parece óbvia, mas talvez não seja. Melhor começar por entender que correlação quantifica a dependência linear entre duas variáveis. Logo, relações não-lineares não são percebidas.

Para esclarecer, vamos avaliar duas variáveis bem comuns, pois sabemos que a temperatura influencia a densidade da água. Mas, como a figura 1 indica, a densidade da água alcança seu maior valor a 4°C.

Figura 1 – Densidade da água versus Temperatura

Figura 1 – Densidade da água versus Temperatura

Então, não há uma relação linear ou correlação entre causa (temperatura) e efeito (densidade). Isto é, quando uma variável aumenta a outra aumenta ou quando uma aumenta a outra diminui. Não perceberíamos a anomalia observando apenas uma parte do gráfico (figura 2), o que poderia nos levar a fazer previsões irrealistas.

Figura 2 – Densidade da água versus Temperatura (0ºC a 2ºC)

Figura 2 – Densidade da água versus Temperatura (0ºC a 2ºC)

Esse tipo de fenômeno é relativamente comum e resulta em previsões com grandes erros. Portanto, antes de usar correlações, é conveniente analisar os dados, se possível graficamente, e não fazer projeções distantes dos dados existentes.

Embora tenhamos usado a variação incomum da densidade da água com a temperatura como exemplo, é bom saber que esse comportamento também ocorre em vários fenômenos sociais, como o aumento da motivação com o ganho salarial [3].

Resumindo:

  1. Uma boa correlação nem sempre está associada a um vínculo de causa e efeito.
  2. Uma relação real de causa e efeito não implica, necessariamente, em correlação.
  3. O desconhecimento do comportamento das variáveis torna arriscadas as projeções baseadas em correlações.

Referências

  1. SRIVASTAVA, Tavish. 7 most commonly asked questions on Correlation. 23.06.15. Disponível em www.analyticsvidhya.com/blog/2015/06/correlation-common-questions. Acesso em 27.04.17. (figuras 1 e 2)
  2. ANDERSEN, Erika. True Fact: The Lack of Pirates Is Causing Global Warming www.forbes.com/sites/erikaandersen/2012/03/23/true-fact-the-lack-of-pirates-is-causing-global-warming/#4a29ea263a67 Acesso em 3.05.17. (figura da capa)
  3. Gallup. Majority of American Workers Not Engaged in Their Jobs. Disponível em: www.gallup.com/poll/150383/majority-american-workers-not-engaged-jobs.aspx Acesso em 3.05.17.

Nota: Post publicado em maio de 2017 e atualizado em maio de 2020.

A boa gestão nem é tão complicada

Gestao

Na abalizada opinião do Prof. Vicente Falconi, a gestão bem sucedida de uma organização se sustenta em três fundamentos: Liderança, conhecimento técnico e método.

A liderança adota as seguintes premissas: ter os melhores profissionais, treinar à exaustão, criar um bom clima de trabalho e ser generoso com quem merece.

O conhecimento técnico deve ser buscado no mercado, cultivado internamente ou desenvolvido por meio de pesquisa e inovação.

A execução disciplinada do método inclui:

  1. Definir metas.
  2. Definir o caminho para alcançá-las por meio da análise.
  3. Garantir a execução.
  4. Medir/controlar/monitorar.
  5. Padronizar os processos melhorados.

Cada um desses fundamentos requer competências que devem ser consideradas no momento da seleção das pessoas que vão exercer funções de gestão. Os aspectos relacionados à liderança são os mais difíceis de tratar, pois dependem em grande parte das características pessoais e são difíceis de mudar. Já o conhecimento técnico, embora possa exigir alguns pré-requisitos, como habilidade em matemática ou de interpretação de desenhos, pode ser ensinada com mais facilidade. Do mesmo modo, as competências para executar o método são fáceis de transmitir. Apenas uma característica importante – disciplina – pode representar algum problema.

Referência: Revista HSM Management. Dossiê The 3G Way. Maio-junho 2013. p. 96.

Escolhendo os indicadores no RH

A seleção de indicadores faz parte do processo de gestão. Toda organização pode ter um número elevado de indicadores, mas a escolha de algumas poucas métricas, que fazem sentido considerando os objetivos e a estratégia, pode representar uma grande vantagem.

Embora a escolha das métricas possa ser feita usando diferentes abordagens, o fundamento do trabalho consiste em associar indicadores aos objetivos que traduzem a estratégia da organização e ao bom desempenho dos processos que são relevantes para essa mesma estratégia. Assim, a “coleção de indicadores” que serve bem para uma empresa pode não servir para outra. Na gestão de RH, a melhor prática seria obedecer aos seguintes passos:

  1. Entender o negócio e a estratégia da empresa.
  2. Identificar o modo como os colaboradores da empresa contribuem para a execução da estratégia.
  3. Estabelecer objetivos para os recursos humanos que estão associados aos processos identificados no item anterior.
  4. Estabelecer indicadores para avaliar o progresso em atingir os objetivos listados no item 3.

Exemplificando: Usando essa abordagem, a eficácia de uma campanha de vacinação contra a gripe na empresa poderia ser avaliada pela redução do número de dias perdidos por doenças (absenteísmo médico), permitindo uma avaliação objetiva da relação custo/benefício para a organização.

Resumindo, o desempenho deve ser medido naquilo que é relevante para a organização. Muitas vezes os indicadores usados em uma organização, embora adequados aos processos existentes, estão desalinhados da estratégia. Este aparente paradoxo não tem a ver com indicadores, mas com processos eventualmente inadequados à estratégia. James Goodnight, presidente do SAS Institute (empresa que produz softwares) exemplifica esta situação com uma empresa que coloca como estratégia o trabalho em equipe, mas faz avaliações de desempenho que priorizam o individual.

Dicas

– Cada área deve medir apenas aquilo sobre o quê tem influência; o objetivo não é “matar a curiosidade”, mas ter elementos para a gestão.

– Adotar uma métrica ruim é pior que não ter indicador, pois gera custo e pode induzir à decisões erradas.

Espelho retrovisor?

Retrovisor

Frequentemente os relatórios de gestão são acusados de mostrar apenas o passado, enquanto os críticos dizem que a organização deveria colocar seu foco no futuro. Vejo esse posicionamento com alguma ressalva. Os dados do passado, especialmente quando observados como uma série histórica, nos permitem saber se as ações que estamos tomando estão efetivamente colaborando para a melhora do desempenho e dos resultados. As séries históricas também nos permitem saber se os resultados são suficientemente estáveis e consistentes para permitir projeções e previsões. Assim, é muito bonito dizer que o importante é o futuro, mas ele será fundamentado nos resultados do passado e no aprendizado do presente.

Incentivos ou confusão?

Muitas organizações estruturam programas para incentivar a melhoria contínua de seus processos e os resultados são, muitas vezes, questionados pela pouca confiabilidade da fonte e metodologia de recompensa. Um especialista defende que a meritocracia precisa ser sincera e honesta, pois resultados manipulativos ou pouco confiáveis podem ter efeitos contrários ou indesejados. Nesse contexto, programas pouco estruturados podem gerar desconfiança entre colaboradores, premiações podem ser percebidas como práticas manipulativas e recompensas individuais, parecer privilégios apenas pelos “olhos verdes”.

A criação de um eficiente sistema de gerenciamento dos indicadores de RH é uma importante fonte para desenvolver um programa de reconhecimento do desempenho coletivo ou individual, capaz de reforçar comportamentos desejados; premiar o espírito empreendedor à iniciativa; encorajar a inovação e ajudar a estabelecer uma relação sinérgica entre objetivos pessoais e organizacionais.

A gestão por indicadores estabelece no time a confiança necessária para as pessoas trabalharem e dedicarem seus esforços em prol da mesma causa, integrando pares e níveis da organização.

Fonte: Santos, Daniela Mesquita e Carvalho, Gilmar Dias de. Indicadores de Performance Organizacionais Relativos a Pessoas. Disponível em: www.administradores.com.br/informe-se/artigos/indicadores-de-performance-organizacionais-relativos-a-pessoas/37574 Acesso em: 17 Jul. 2013.

Boas Práticas no Uso de Números

Desenho de uma tela de notebook com gráficos sobre um fundo cinza com imagens de outros gráficos.
Imagem de Oberholster Venita por Pixabay

A Associação Americana de Estatística apresentou, em junho de 2016, orientações para transformar a estatística em uma ciência e não um conjunto de ferramentas. Convencidos que um melhor uso dos dados irá melhorar a pesquisa e a inovação, seis estatísticos de prestígio publicaram as Dez Regras para a Prática Efetiva da Estatística:

  1. Os métodos estatísticos devem permitir que os dados sejam usados para responder questões científicas.
  2. Sinais sempre vêm com ruídos.
  3. Planeje pensando à frente, bastante à frente.
  4. Preocupe-se com a qualidade dos dados.
  5. Análise estatística é mais que um conjunto de cálculos.
  6. Mantenha a simplicidade.
  7. Forneça avaliação da variabilidade.
  8. Verifique suas premissas.
  9. Quando possível, replique.
  10. Faça sua análise reproduzível.

Fonte: PUBLIC RELEASE: 23-JUN-2016. Leading statisticians establish steps to convey statistics a science not a toolbox. Disponível em http://www.eurekalert.org/pub_releases/2016-06/asa-lse062316. Agora indisponível.

Os números não mentem. Mas mentem muitos que usam os números.

Post de out/16 atualizado em mar/24.

8º Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos – PARTICIPE

ABR8 - Capa

Faça como mais de 200 empresas paranaenses.

Participe do Benchmarking de RH e descubra em que pode melhorar!

A Bachmann & Associados (B&A)  e a ABRH-PR convidam sua organização para participar da 8ª edição do Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos.

O levantamento irá apresentar os resultados de 12 indicadores tradicionais de RH, como: absenteísmo, rotatividade, horas extras e outros.

A participação é gratuita e os resultados serão fornecidos por meio de relatório enviado a cada uma das empresas participantes. Todas as informações serão apresentadas de forma agrupada ou codificada, para preservar o sigilo.

Conheça os pontos positivos e as oportunidades de melhoria de sua empresa em relação às outras e ganhe uma poderosa ferramenta de gestão.

Benefícios

  1. Informação confiável e de qualidade, para orientar decisões gerenciais, visando aumento da competitividade.
  2. Acesso a informações sensíveis que, de outro modo, não seriam disponibilizadas.
  3. Redução na mão de obra própria para este tipo de trabalho.

A coleta de dados já foi iniciada e os resultados do trabalho serão publicados em setembro.

Para participar, basta acessar https://benchmarking.indicadoresrh.com.br ligar para 41 3324-5336 ou enviar um e-mail para indicadoresrh@bachmann.com.br

NOTA: Essa oferta é exclusiva para empresas instaladas no Paraná.

Brincar ou gerenciar?

Gráficos e figuras

Os vendedores de softwares de gestão costumam destacar duas qualidades de seus produtos: velocidade e belos painéis com medidores, escalas e gráficos de pizza.

Mas a verdade é que a disponibilidade de dados em tempo real é menos importante que uma análise bem-feita. É menos uma questão de software e mais de humanware.

Outro ponto importante é que não é possível avaliar o desempenho de um processo usando gráficos que mostram momentos específicos, como os medidores, escalas e gráficos tipo pizza. É necessário observar a variação ao longo do tempo. Então, gráficos mais simples, como os de barras e de linhas, podem ser mais úteis. Afinal, o painel de indicadores não é um videogame, mas uma referência para decisões visando à melhoria dos processos.

Precisando de ajuda para escolher os indicadores ou sua apresentação? Consulte-nos.