Escolhendo os indicadores no RH

A seleção de indicadores faz parte do processo de gestão. Toda organização pode ter um número elevado de indicadores, mas a escolha de algumas poucas métricas, que fazem sentido considerando os objetivos e a estratégia, pode representar uma grande vantagem.

Embora a escolha das métricas possa ser feita usando diferentes abordagens, o fundamento do trabalho consiste em associar indicadores aos objetivos que traduzem a estratégia da organização e ao bom desempenho dos processos que são relevantes para essa mesma estratégia. Assim, a “coleção de indicadores” que serve bem para uma empresa pode não servir para outra. Na gestão de RH, a melhor prática seria obedecer aos seguintes passos:

  1. Entender o negócio e a estratégia da empresa.
  2. Identificar o modo como os colaboradores da empresa contribuem para a execução da estratégia.
  3. Estabelecer objetivos para os recursos humanos que estão associados aos processos identificados no item anterior.
  4. Estabelecer indicadores para avaliar o progresso em atingir os objetivos listados no item 3.

Exemplificando: Usando essa abordagem, a eficácia de uma campanha de vacinação contra a gripe na empresa poderia ser avaliada pela redução do número de dias perdidos por doenças (absenteísmo médico), permitindo uma avaliação objetiva da relação custo/benefício para a organização.

Resumindo, o desempenho deve ser medido naquilo que é relevante para a organização. Muitas vezes os indicadores usados em uma organização, embora adequados aos processos existentes, estão desalinhados da estratégia. Este aparente paradoxo não tem a ver com indicadores, mas com processos eventualmente inadequados à estratégia. James Goodnight, presidente do SAS Institute (empresa que produz softwares) exemplifica esta situação com uma empresa que coloca como estratégia o trabalho em equipe, mas faz avaliações de desempenho que priorizam o individual.

Dicas

– Cada área deve medir apenas aquilo sobre o quê tem influência; o objetivo não é “matar a curiosidade”, mas ter elementos para a gestão.

– Adotar uma métrica ruim é pior que não ter indicador, pois gera custo e pode induzir à decisões erradas.

O lado analítico da gestão de gente

Elaine Saad

“A área de RH tem, sim, como produzir métricas, estatísticas e dados que comprovem a efetividade de suas ações. Caso esses dados não estejam disponíveis, eles precisam ser criados, produzidos, tabulados e estudados. A era do “nós não temos como medir” já passou e não convence mais”.

Elaine Saad – Presidente da ABRH-Brasil – Revista Melhor. Maio 2016.

Indicador tem que ter meta?

Na verdade, não! Na prática, temos três situações e só em uma temos efetivamente uma meta.

  • A mais comum é que o indicador forneça o nível de desempenho de um processo que queremos melhorar. Nesse caso, a métrica deve ter uma meta que mostre o resultado desejado em um momento futuro e um Plano de Ações visando a melhoria.
  • Outra situação ocorre quando o processo está estável ou sob controle e isso é considerado satisfatório. Nesse caso, o resultado é periodicamente comparado com valores de referência (padrões). Apenas nos casos em que o resultado do indicador extrapola os limites especificados há necessidade de alguma ação. Por exemplo, se o indicador de inadimplência está em 1,7% e a empresa tem como limite máximo 2,0%, não há motivo para qualquer providência. Assim, embora deva ser feito o acompanhamento periódico, só será tomada ação se a inadimplência chegar a 2%. Seria diferente se o limite estabelecido fosse de 1,5% no máximo. Nesse caso, voltamos à primeira situação, em que se deve fazer um Plano de Ações, por exemplo incluindo regras mais restritivas para a concessão de crédito visando reduzir a inadimplência.
  • Uma terceira situação acontece quando ainda não há um histórico que permita estabelecer uma meta, mas se deseja monitorar um processo. Nesse caso, o indicador permite observar a tendência de estabilidade, piora ou melhoria. Também permite conhecer o desempenho do processo para, no futuro, estabelecer uma meta ou os padrões aceitáveis de desempenho.

Em sua empresa há essa noção clara de quais indicadores são voltados à melhoria e quais são usados para manter o controle dos processos que já operam satisfatoriamente?

Post de dez/16, ajustado em mar/24.

Segurança ainda não é prioridade

Segurança2

Em 2015, a Taxa de Frequência de Acidentes com Afastamento (TFCA) média das empresas paranaenses foi de 8,32 acidentados por milhão de horas trabalhadas. Este valor é semelhando aos dos anos anteriores, mas corresponde a um patamar inaceitável pelo custo social e humano que representa.

O lado positivo é que a meta de “acidente zero” foi alcançada por 28% das organizações da amostra. Mas, para a maioria das empresas, um bom referencial para benchmarking seria um máximo de 2,00 acidentados por milhão de horas trabalhadas, resultado obtido por 40% das empresas do levantamento.

Fonte:

Bachmann & Associados & ABRH-PR. 8º Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos 2016: Dados de 2015. Curitiba. 2016.

Sete Pecados no Estabelecimento de Metas

Foto de uma mulher apavorada, com uma maçã sobre a cabeça.

Metas são poderosas como meio de comunicação, mas, como em toda conversa, o uso da linguagem errada pode levar a mal-entendidos e problemas. Conhecendo os problemas mais comuns é mais fácil preveni-los.

Sempre enfatizo que estabelecer metas desafiadoras serve de incentivo e estímulo à busca de resultados e da maior eficácia e eficiência. Mas é importante destacar alguns pontos desfavoráveis que podem estar associados ao uso de metas na gestão. Mais da metade dos indicadores de uma organização podem incentivar comportamentos indesejados [1]. Conheça sete situações comuns que geram efeitos colaterais.

1. Metas numéricas são mais fáceis de quantificar e acabam ganhando prioridade sobre outras menos objetivas. Assim, se um profissional tem uma meta de produção de 10 peças por hora e outra mais subjetiva de aumento do trabalho colaborativo, certamente o foco do trabalhador irá se concentrar, primeiramente, na meta de produção.

2. A tentação de “roubar no jogo” para alcançar as metas é grande. Os gestores devem deixar claro que o respeito aos valores e à missão da organização é mais importante que o alcance das metas de curto prazo. Assim, o colaborador deve entender que não vale enganar o cliente para cumprir a quota de vendas do mês ou dar descontos exagerados com esse mesmo propósito.

3. A cobrança exagerada de algumas poucas metas costuma levar à perda de noção do todo, resultando em otimizações setoriais que podem, inclusive, prejudicar o negócio. Cumprir metas de produção, em algumas circunstâncias, eleva o custo do estoque de produtos acabados. Fazer uma contratação muito rápida pode levar a um colaborador inadequado. O uso de indicadores associados ao sucesso do negócio pode ajudar o diálogo entre as diferentes áreas, favorecendo a busca do ganho global, mas é necessário agir para que isso aconteça.

4. Cobrar muitas metas faz com que os executores acabem priorizando aquelas mais fáceis ou convenientes. E estas, raramente, são as mais importantes para o sucesso do negócio.

5. Metas muito fáceis de obter não estimulam ou levam a qualquer esforço de melhoria, constituindo-se apenas em custos e burocracia adicional.

6. Metas de curto prazo tendem, dada a natureza humana, a prevalecer sobre as de longo prazo. A solução é dividir os objetivos mais distantes em etapas que devem ser cumpridas em períodos mais curtos, estimulando e permitindo um acompanhamento melhor.

7. Metas irrealistas, ou vinculadas a benefícios desproporcionais, podem facilmente levar a comportamentos não éticos de duas naturezas.

1º Buscar o resultado pedido à custa de prejudicar a organização, colegas ou clientes.

2º Trapacear nos números para mostrar o resultado desejado. Em uma grande empresa do setor aeroespacial, quando uma ordem não conseguia ser entregue no prazo acordado, eles ligavam para o cliente e renegociavam o prazo; se o cliente concordasse e o produto fosse entregue até a nova data, era considerada “entregue no prazo” [2].

As metas são grandes auxiliares na gestão, principalmente na comunicação e na delegação, mas também podem ser perigosas. Gerencie para que isso não aconteça em tua empresa.

Ação: Olhe com cuidado dois dos indicadores mais importantes para você e veja se eles não estão conduzindo a maus comportamentos.

Referências

1 – Parmenter. David. Key Performance Indicators: Developing, Implementing and Using Winning KPIs. Wiley. 2nd edition. 2010.

2 – Schwartz, Lee. It’s all in the numbers: KPI Best Practices. Disponível em: https://www.industryweek.com/operations/continuous-improvement/article/22008174/its-all-in-the-numbers-kpi-best-practices Acesso em 10.5.22.

Post de nov/16, atualizado em jul/22.

Reuniões e reuniões

reuniao

Em rotina, uma organização tem 3 tipos de reuniões, Uma para a gestão do dia a dia e outra para planejar o futuro. São as reuniões operacionais e as estratégicas. O terceiro tipo de reunião, que infelizmente ainda é comum, é para tratar de emergências.

As reuniões operacionais são as mais frequentes e as que demandam mais tempo. Também são as que mais se beneficiam de uma gestão baseada em indicadores, ganhando objetividade e transparência.

Escolhendo indicadores

Reengenharia

Michael Hammer, em seu livro sobre reengenharia, recomenda 4 passos para fazer bom uso de métricas nos negócios:

  1. Selecionar as coisas certas para medir, isto é, os aspectos que são importantes e controláveis.
  2. Escolher indicadores que meçam a essência do que é importante.
  3. Adotar as métricas em um processo disciplinado de gestão.
  4. Criar uma cultura organizacional que use os indicadores como incentivo à melhoria e não como ameaça.

Incentivos ou confusão?

Muitas organizações estruturam programas para incentivar a melhoria contínua de seus processos e os resultados são, muitas vezes, questionados pela pouca confiabilidade da fonte e metodologia de recompensa. Um especialista defende que a meritocracia precisa ser sincera e honesta, pois resultados manipulativos ou pouco confiáveis podem ter efeitos contrários ou indesejados. Nesse contexto, programas pouco estruturados podem gerar desconfiança entre colaboradores, premiações podem ser percebidas como práticas manipulativas e recompensas individuais, parecer privilégios apenas pelos “olhos verdes”.

A criação de um eficiente sistema de gerenciamento dos indicadores de RH é uma importante fonte para desenvolver um programa de reconhecimento do desempenho coletivo ou individual, capaz de reforçar comportamentos desejados; premiar o espírito empreendedor à iniciativa; encorajar a inovação e ajudar a estabelecer uma relação sinérgica entre objetivos pessoais e organizacionais.

A gestão por indicadores estabelece no time a confiança necessária para as pessoas trabalharem e dedicarem seus esforços em prol da mesma causa, integrando pares e níveis da organização.

Fonte: Santos, Daniela Mesquita e Carvalho, Gilmar Dias de. Indicadores de Performance Organizacionais Relativos a Pessoas. Disponível em: www.administradores.com.br/informe-se/artigos/indicadores-de-performance-organizacionais-relativos-a-pessoas/37574 Acesso em: 17 Jul. 2013.

Faturamento x Treinamento

treinamento

No Brasil a relação entre os investimentos em T&D e o faturamento da organização é de 0,83%. Nos Estados Unidos, este valor sobe para 1,1% ou seja 33% a mais que o Brasil.

Fonte: ABTD. O Retrato do Treinamento no Brasil 2013 / 2014. Disponível em: http://portal.abtd.com.br/Conteudo/Material/Arquivo/PesquisaABTD20132014.pdf?utm_source=pesquisa&utm_medium=email&utm_campaign=pesquisa&utm_term=retornorespostapesquisa&utm_content=linkpesquisadownload Acesso em 11 jun.2014.

Cuidado! O indicador dirige os resultados.

callcenter

Há algum tempo, o call center da Dell usava o indicador “Tempo de Atendimento”, que descrevia o tempo gasto no telefone com um determinado cliente. A intenção era tornar o atendimento mais dinâmico e eficaz.

Entretanto, isso acabou incentivando que os atendentes transferissem qualquer problema mais complexo para outros e, enquanto o tempo de atendimento efetivamente baixou, a satisfação dos clientes desandou.

A Dell então trouxe um gerente da área de manufatura que mudou a métrica de atendimento para “Tempo Total Despendido pelo Cliente no Telefone”. De imediato os consumidores da Dell disseram que a qualidade do serviço de atendimento melhorou dramaticamente.

Este exemplo ilustra claramente a importância da escolha dos indicadores usados na gestão.

Fonte: Petrone, Paul. The Two Recruting Metrics That Actually are Worth Measuring.