Como as pessoas reagem aos números

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Se um político pretende usar os números para explicar alguma coisa aos eleitores, diz Gary Base, cientista da Universidade do Kansas, deve mostrá-los em três formatos.

Por exemplo: se ele pretende conseguir verba para montar centros de tratamento de uma doença rara, deve dizer que essa doença atinge um a cada mil brasileiros – ou seja, atinge 185 mil brasileiros. Gary Base estuda como as pessoas compreendem os números: diz que, no geral, elas acham mais fácil compreender frequências (um a cada mil), grandes porcentagens (20% ou 60%) e números absolutos (185 mil).

Mas uma coisa é explicar, outra é persuadir. Se um político pretende persuadir os eleitores, deve mostrar só o número absoluto, especialmente se for grande, como 185 mil. As pessoas dão maior importância para 185 mil brasileiros do que para 0,1% dos brasileiros, embora o número seja o mesmo.

Ao contrário, se o político da oposição pretende dissuadir os eleitores, deve usar só a versão pequena do número – 0,1%. “As pessoas não entendem números assim de verdade”, diz Base. “O que elas entendem é: isso é muito, muito pouco.”

Fonte: Revista Informática Hoje ano 24 – Julho 2008, p. 6.

POST240926 de jul/24

Escalas e descrições

Uma questão de comunicação.

Em muitos casos usamos um indicador para comunicar o nível de desempenho alcançado ou desejado. Mas, considerando que nós humanos temos dificuldade em interpretar grandezas expressas em números, uma equivalência entre a escala numérica e textos descritivos que oferecem maior sensibilidade às pessoas pode ser desejável.

Exemplifico com as bulas de remédios, quando registram a frequência com que as reações adversas são relatadas, como mostrado a seguir [1].

  • Reação muito comum (ocorre em mais de 10% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação rara (ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação muito rara (ocorre em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento.

Então, que tal inovar e apresentar algumas descrições para as faixas de resultados esperados dos principais indicadores da empresa? Experimente e nos conte o resultado.

Fonte: 1 – Bula da Sinvastatina, Laboratório Novamed. 2016.

POST170522 de mai/17, atualizado em jun/24