Sobre Dorian Bachmann

Sou especialista em indicadores de desempenho e benchmarking. Ajudo na seleção, padronização, apresentação, uso e interpretação de indicadores de desempenho, para identificar oportunidades de melhorias, estabelecer metas mais eficazes e obter aumento da produtividade e competitividade. Capacitação técnica (graduação e pós-graduação) e gerencial (MBAs em marketing, negócios e tecnologia da informação), reforçada por prática profissional variada e com foco em resultados. Ênfase em gestão por meio da medição de desempenho, com o auxílio de indicadores. Engenheiro químico com sólida experiência gerencial e em processos industriais e mineração. Vivência em P&D, projeto básico e engenharia de acompanhamento de processos. Trabalhei na Petrobras (Engenheiro, Pesquisador e Gerente Geral da Unidade de Negócios da Industrialização do Xisto), IBM e Companhia de Urbanização de Curitiba. Fui sócio e diretor da Bachmann & Associados Ltda., consultoria voltada para o uso gerencial de indicadores e benchmarking. Apaixonado pela inovação e pela Qualidade Total como fontes de vantagem competitiva para as organizações. Tenho apresentado palestras e cursos relacionados ao uso de indicadores e do benchmarking na gestão. Autor do livro "Indicadores de RH como Ferramenta de Gestão: obtendo e mostrando resultados", publicado pela Qualitymark. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9716761840221952 Disponível para consultoria no uso de indicadores e benchmarking na gestão, inclusive pro-bono.

Escalas e descrições

Uma questão de comunicação.

Em muitos casos usamos um indicador para comunicar o nível de desempenho alcançado ou desejado. Mas, considerando que nós humanos temos dificuldade em interpretar grandezas expressas em números, uma equivalência entre a escala numérica e textos descritivos que oferecem maior sensibilidade às pessoas pode ser desejável.

Exemplifico com as bulas de remédios, quando registram a frequência com que as reações adversas são relatadas, como mostrado a seguir [1].

  • Reação muito comum (ocorre em mais de 10% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação rara (ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Reação muito rara (ocorre em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento.

Então, que tal inovar e apresentar algumas descrições para as faixas de resultados esperados dos principais indicadores da empresa? Experimente e nos conte o resultado.

Fonte: 1 – Bula da Sinvastatina, Laboratório Novamed. 2016.

POST170522 de mai/17, atualizado em jun/24

Processo. O que é isso?

Processo – Desenho pelo autor

Você acredita em mágica? Na verdade, a essência da gestão está em acreditar que os resultados decorrem de causas e que, atuando nas causas, podemos mudar os efeitos.

O conjunto de causas, ou atividades, que geram um resultado é denominado processo. E uma organização é um conjunto de processos.

Portanto, podemos definir processo como uma combinação de pessoas, materiais, procedimentos, métodos, políticas e meio ambiente que, integrados, conduzem a determinado resultado. Ou, de forma mais detalhada:

Processo é um conjunto organizado de atividades, usando determinado conjunto de recursos (ativos), que obedece a uma estratégia específica (métodos e procedimentos) para manipular entradas e obter as saídas (resultados) desejadas.

Logo, é bem representado pelo Diagrama de Causa e Efeito de Ishikawa.

Diagrama de Ishikawa – Desenho pelo autor

Todo processo tem um ou mais clientes, que devem ser considerados nas decisões relativas ao processo.

Para facilitar, é comum classificar os processos em dois grandes grupos [1]:

  • Processo de produção. Qualquer processo que entra em contato direto com o hardware ou software que será entregue a um cliente externo, até o ponto em que o produto é embalado (por exemplo, fabricação de computadores, preparação de alimentos para consumo em massa, refinamento de petróleo, troca de minério de ferro em aço). Não inclui os processos de envio e distribuição.
  • Processo de negócio. Todos os processos e processos de serviço que suportam processos de produção (por exemplo, processo de pedido, processo de alteração de engenharia, processo de folha de pagamento, projeto de processo de fabricação).

Algumas pessoas julgam que contar com processos padronizados dificulta a inovação, mas isso não é verdade. Na verdade, o processo documentado é a base ou referência a partir da qual podem ser planejadas as melhorias. Na prática, os processos acabam sendo catalisadores e canalizadores da inovação, da melhoria contínua e da efetiva gestão do conhecimento [2].

A disciplina e a repetibilidade criada pela execução continuada e controlada dos processos leva as empresas à  previsibilidade de resultados, tirando a dependência de esforços extraordinários ou mesmo do fator sorte para a  obtenção do sucesso pretendido.

Processo é qualquer atividade ou grupo de atividades que receba uma entrada, agregue valor a ela e forneça uma saída a um cliente interno ou externo. – James H. Harrington

Referências:

  1. Harrington, H. James, Business Process Improvement: the breakthrough strategy for total quality, productivity and competitiveness, McGraw-Hill, NY, 1991.
  2. Revista Mundo PM. Excelência em Gestão de TI: uma visão integrada das melhores práticas. Renato Chaves Vasques. pp. 24-25.

Post de maio/17 atualizado em jul/22.

O RH gera lucro? Parece que sim.

Profit

Christian Orglmeister, da BCG, ouviu 3.500 profissionais de recursos humanos e de outros departamentos em 101 países. O resultado, publicado no relatório Creating People Advantage, indica que as organizações que contam com um RH eficiente têm resultado econômico duas vezes maior do que aquelas com uma fraca gestão de pessoas.

Para obter esta conclusão, a BCG analisou a diferença entre as 100 melhores e as 100 piores empresas em desempenho financeiro entre os anos de 2012 e 2013. Eles perceberam que as empresas com maior rentabilidade não precisavam de nenhuma ação emergencial nos dez tópicos de RH avaliados.

Em outra pesquisa, com um direcionamento parecido, os pesquisadores da Fundação Instituto de Administração (FIA), da Universidade de São Paulo, vêm, ano após ano, cruzando os resultados produzidos pelas melhores e maiores empresas listadas na revista EXAME, no Guia VOCÊ S/A – As Melhores Empresas para Você Trabalhar, com as que não figuram no ranking. As melhores classificadas têm rentabilidade 37% superior em relação às que ficaram de fora da lista. Eles relatam que nas empresas mais rentáveis o RH também é mais eficiente. Eles atendem mais colaboradores por funcionário da área, conquistam melhores índices de retenção de talentos e menores índices de rotatividade.

Fonte: Como ter uma área de recursos humanos que gera lucro para o negócio? de Samba Tech, sambatech.com, 18 de abril de 2016.

Benefícios para o empregado sem custo para as empresas

Beneficios

Segundo Jair Pianucci (Revista Melhor, nº 305, 2013, p. 74) um incentivo à permanência dos empregados, com baixo ou até mesmo sem custo para a empresa, é a oferta dos chamados benefícios voluntários.

Esses benefícios, que muitas vezes são pagos integralmente pelos empregados, representa uma vantagem porque a empresa consegue preços menores devido ao poder de negociação. São exemplos os seguros e os planos de previdência privada. E, outra vantagem, aderem apenas os empregados que quiserem, permitindo personalizações mais atrativas.

Comparabilidade de indicadores

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O uso mais comum dos indicadores consiste na comparação com outro ou outros valores. Podem ser resultados, metas, referenciais de excelência ou algum outro parâmetro. Nesses caso, o risco mais óbvio é que os valores tenham sido calculados ou obtidos de forma diferente, o que pode prejudicar a comparação.

A diversidade das fórmulas de cálculo usadas pelas empresas para os mesmos indicadores dificulta as comparações e pode levar a grandes diferenças de resultados. Segundo um levantamento[1], diferentes formas de cálculo levaram a diferenças de até 47% na medida da rotatividade – indicador clássico usado na gestão de recursos humanos, justificando a necessidade de padronização.

Um conjunto de padrões de cálculo (Identidades) para os indicadores clássicos de RH foi desenvolvido pela Bachmann & Associados, em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-PR) e está disponível para download gratuito em www.bachmann.com.br/website/idrh.htm.

Referência:

[1] – Castle, Nicholas G. Measuring Staff Turnover in Nursing Homes, http://gerontologist.gerontologyjournals.org/cgi/content/abstract/46/2/210 Acesso em 26.01.08.

Melhores Empresas para Trabalhar – Paraná – 2016

GPTW - PARAN_ 2016

As 11 empresas com sede no Paraná que estão entre as melhores para trabalhar, segundo a edição 2016 da pesquisa GPTW:

  1. Gazin
  2. Volvo
  3. Apetit Serviços de Alimentação
  4. Electrolux
  5. Lojas MM
  6. Sicoob Metropolitano
  7. Pormade Portas
  8. Sicoob Norte PR
  9. Moinho Globo
  10. Neovia Infraestrutura
  11. Perkins Motores

Fonte: Gazeta do Povo, disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/economia/pos-e-carreira/parana-tem-11-empresas-entre-as-150-melhores-para-trabalhar-no-pais-0l7dwv84cfo1osr2pmgnd2qty

O número de piratas influencia a temperatura global? ou Correlação implica em causa e efeito?

Quantidade de piratas versus temperatura global

Quantidade de piratas versus temperatura global

É uma brincadeira comum entre os analistas de dados a conclusão, baseada em uma forte correlação de dados [2], que a redução na quantidade de piratas provocou o aumento da temperatura global. Isso serve para mostrar que uma boa correlação nem sempre está associada a um vínculo de causa e efeito.

Mas, uma relação de causa e efeito necessariamente implica em correlação?

A resposta parece óbvia, mas talvez não seja. Melhor começar por entender que correlação quantifica a dependência linear entre duas variáveis. Logo, relações não-lineares não são percebidas.

Para esclarecer, vamos avaliar duas variáveis bem comuns, pois sabemos que a temperatura influencia a densidade da água. Mas, como a figura 1 indica, a densidade da água alcança seu maior valor a 4°C.

Figura 1 – Densidade da água versus Temperatura

Figura 1 – Densidade da água versus Temperatura

Então, não há uma relação linear ou correlação entre causa (temperatura) e efeito (densidade). Isto é, quando uma variável aumenta a outra aumenta ou quando uma aumenta a outra diminui. Não perceberíamos a anomalia observando apenas uma parte do gráfico (figura 2), o que poderia nos levar a fazer previsões irrealistas.

Figura 2 – Densidade da água versus Temperatura (0ºC a 2ºC)

Figura 2 – Densidade da água versus Temperatura (0ºC a 2ºC)

Esse tipo de fenômeno é relativamente comum e resulta em previsões com grandes erros. Portanto, antes de usar correlações, é conveniente analisar os dados, se possível graficamente, e não fazer projeções distantes dos dados existentes.

Embora tenhamos usado a variação incomum da densidade da água com a temperatura como exemplo, é bom saber que esse comportamento também ocorre em vários fenômenos sociais, como o aumento da motivação com o ganho salarial [3].

Resumindo:

  1. Uma boa correlação nem sempre está associada a um vínculo de causa e efeito.
  2. Uma relação real de causa e efeito não implica, necessariamente, em correlação.
  3. O desconhecimento do comportamento das variáveis torna arriscadas as projeções baseadas em correlações.

Referências

  1. SRIVASTAVA, Tavish. 7 most commonly asked questions on Correlation. 23.06.15. Disponível em www.analyticsvidhya.com/blog/2015/06/correlation-common-questions. Acesso em 27.04.17. (figuras 1 e 2)
  2. ANDERSEN, Erika. True Fact: The Lack of Pirates Is Causing Global Warming www.forbes.com/sites/erikaandersen/2012/03/23/true-fact-the-lack-of-pirates-is-causing-global-warming/#4a29ea263a67 Acesso em 3.05.17. (figura da capa)
  3. Gallup. Majority of American Workers Not Engaged in Their Jobs. Disponível em: www.gallup.com/poll/150383/majority-american-workers-not-engaged-jobs.aspx Acesso em 3.05.17.

Nota: Post publicado em maio de 2017 e atualizado em maio de 2020.

Viés de Confirmação (ou, somos humanos!)

Vemos o que preferimos ver

Vemos o que preferimos ver

Nas análises de dados para a gestão, devemos levar em conta que as pessoas favorecem as informações que confirmam suas crenças. Por exemplo, se um supervisor sabe que o colaborador passou por um treinamento, ele espera uma melhora no aspecto correspondente. Logo, ele pode “ver” um resultado que na realidade não existe [1]. É uma racionalização comum, no sentido de comprovar uma expectativa, mas que pode influenciar a avaliação do resultado do treinamento.

Assim como a falta de dados dificulta boa parte das análises, o excesso de dados também é inconveniente. Com um grande volume de dados, um profissional inexperiente, ou mal intencionado, acaba sempre conseguindo um conjunto de números que serve para confirmar suas crenças ou suposições.

O uso de dados e ferramentas de análise para justificar crenças é chamado de Viés de Confirmação (Confirmation Bias). E, com a disseminação das técnicas de Big Data, esse problema tende a ser cada vez mais comum, na medida em que ferramentas estatísticas e softwares complexos permitem diferentes análises que podem ser usadas para provar as teses pretendidas.

Na verdade, o Viés de Confirmação – também denominado de Efeito Hallo – atende à necessidade humana de reforçar pontos de vista conhecidos e que trazem conforto ou conveniência. Desse modo, muitos vezes é provocado de forma inconsciente.

Conhece alguma situação em que isso aconteceu em sua organização? Como ocorreu?

Referência: 1. Fitz-enz, Jac e Davison, Barbara. How to Measure Human Resources Management. McGraw-Hill. 2002. 3rd edition. p. 185.

Texto inspirado em: Webb, Jack. Better Decision Making with Objective Data is Impossible. Disponível em: http://sloanreview.mit.edu/article/for-better-decision-making-look-at-facts-not-data

 

Para reflexão

Ram Charan

Segundo o especialista em estratégia Ram Charam, há um aumento na tendência de executivos de outras funções assumirem funções de liderança de recursos humanos.

Ele disse que esta tendência é das mais importantes, na medida em que as empresas buscam melhorar a compreensão do negócio dentro do RH e alinhar as estratégias de RH com as estratégias mais amplas do negócios.

Ao mesmo tempo, Charan previu que o HR irá evoluir e se tornar mais importante nos próximos anos, a medida em que aproveite a tecnologia para dar maior eficiência e gerenciar talentos para os resultados de negócio.

“Não tenho dúvida que o pessoal vai aprender sobre o negócio”, disse ele.

Comentando sobre a aceitação de seu artigo “It’s time to blow up HR”, Charan afirmou: “Os CEOs adoraram. Um grande número de líderes de RH que não vieram do RH adorou. Aqueles que vieram do RH não gostaram”.

Referência: RAM CHARAN: WHERE HR LEADERSHIP MEETS THE NEW WORLD OF WORK. Disponível em www.insidehr.com.au/ram-charan-on-where-hr-meets-the-new-world-of-work Acesso em 19.03.17.

Aumentar a rotatividade pode ser uma estratégia? (Por Bernt Entschev)

 
A Kimberly-Clark, gigante multinacional da área de cuidados pessoais, implantou um novo software que permite analisar o progresso dos funcionários e expõe rapidamente quem não está dando os resultados esperados.
 
Com isso, a rotatividade é o dobro do que era há dez anos. Cerca de 10% dos empregados na fábrica dos Estados Unidos deixam a empresa a cada ano, voluntariamente ou não, segundo a empresa.
Fonte: Newsletter Lima Lopes, Cordella Adv – 12.09.16