Mapa de interações, gerado pelos crachás eletrônicos da Humanyse. Imagem: Site da Humanyse (www.humanyse.com).
Nos últimos
anos, Sandy Pentland, diretor do Human Dynamics Laboratory do MIT foi pioneiro
no uso de crachás eletrônicos que transmitem dados sobre as interações dos
funcionários ao longo do dia. Os crachás
capturam todo tipo de informação sobre conversas formais e informais: sua
duração; o tom de voz e gestos das pessoas envolvidas; quanto essas pessoas
falam, ouvem e interrompem; o grau de empatia e extroversão; e mais. Cada
crachá gera cerca de 100 pontos de dados por minuto.
O objetivo
inicial de Pentland era lançar luz sobre o que diferenciava as equipes de
sucesso das malsucedidas. Como descreveu no ano passado na Harvard Business
Review, ele testou o dispositivo em cerca de 2.500 pessoas, em 21 organizações
diferentes, e aprendeu várias lições interessantes. Cerca de um terço do
desempenho da equipe geralmente pode ser previsto apenas pelo número de trocas
face a face entre os membros da equipe; muitos contatos são tão problemáticos
quanto muito poucos. Usando dados coletados pelos crachás, ele foi capaz de
prever quais equipes venceriam um concurso de planos de negócios e quais
trabalhadores (corretamente) diriam que tinham tido um dia produtivo ou
criativo.
A análise dos resultados dos indicadores de gestão, embora bastante objetiva, está sujeita aos nossos vieses. Afinal, somos todos humanos! Tendo consciência disso, podemos fazer análises mais isentas e tomar melhores decisões.
Vieses cognitivos são padrões comuns de desvios na forma como os seres humanos pensam e tomam decisões. Ocorrem quando o processamento mental das informações é influenciado por fatores subjetivos, levando a julgamentos irracionais ou distorcidos. Resultam de influências como experiências pessoais, contexto social, emoções, e da estrutura do cérebro humano. São armadilhas que nos levam a interpretar o mundo de forma equivocada e, consequentemente, tomar decisões irracionais, mas podem ser combatidos pelo uso desapaixonado das abordagens formais de análise de dados.
Sempre que há algum julgamento humano há potencial para viés.
Viés de aceitação
Toda vez que um dado diz o contrário do que queremos ou esperamos, nos preocupamos em ir mais fundo e questionar sua veracidade. Entretanto, se o dado reforça nosso ponto de vista, é aceito com facilidade. Esse fenômeno é chamado de Viés de Aceitação e frequentemente influencia as análises.
A melhor forma de prevenir os efeitos do Viés de Aceitação é estar consciente de sua existência e estabelecer, a priori, as ações de validação dos dados que serão realizadas.
Viés de Confirmação
As pessoas favorecem as informações que confirmam suas crenças.
Nas análises de dados para a gestão, devemos levar em conta que as pessoas favorecem as informações que confirmam suas crenças. Por exemplo, se um supervisor sabe que o colaborador passou por um treinamento, ele espera uma melhora no aspecto correspondente. Logo, ele pode “ver” um resultado que na realidade não existe [1]. É uma racionalização comum, no sentido de comprovar uma expectativa, mas que pode influenciar a avaliação subjetiva da eficácia do treinamento.
A tendência de buscar, interpretar e lembrar informações de uma maneira que confirme nossas crenças preexistentes, é chamada de Viés de Confirmação (Confirmation Bias) ou Efeito Halo, e atende à necessidade humana de reforçar pontos de vista conhecidos e que trazem conforto ou conveniência. Desse modo, muitos vezes é inconsciente e, pior, não percebido nem pelo próprio analista. Entretanto, esse viés pode ser combatido pelo uso desapaixonado das abordagens formais de análise de dados.
Conhece alguma situação em que isso aconteceu em tua organização? Como ocorreu?
Referência
1. Fitz-enz, Jac e Davison, Barbara. How to Measure Human Resources Management. McGraw-Hill. 2002. 3rd edition. p. 185.
Nota: Texto
inspirado em: Better Decision Making with Objective Data is Impossible, de Jack
Webb, www.sloanreview.mit.edu
O termo em inglês onboarding significa embarcar. No contexto corporativo, trata-se de um conjunto de procedimentos adotados para adaptar e capacitar o novo colaborador quanto às suas funções, cultura e procedimentos da companhia e o que a empresa espera dele enquanto profissional. Fonte: Revista Melhor. Junho 3019. p. 12.
PS: Onboarding, por influência das multinacionais que têm dado maior importância ao tema, vem substituindo o termo “integração” nas empresas.
Uma parceria entre a IBM e a Symrise, uma produtora global de fragrâncias e sabores baseados na Alemanha, desenvolveu o primeiro perfume usando a tecnologia de Inteligência Artificial. O produto (Egeo ON Me) foi lançado pela O Boticário em junho de 2019.
Existem 1.300 blocos de perfume (fragrâncias sintéticas e extratos de flores, musgos, especiarias e frutas) disponíveis para um perfumista. Usando um banco de dados de 1,7 milhão de fórmulas feitas a partir de várias combinações dessas substâncias e informações sobre quais fragrâncias vendiam bem entre diferentes gêneros, grupos etários e países, um algoritmo de aprendizagem analisou os dados e o sistema de inteligência artificial (que é livre de viés cultural, preferência pessoal, conhecimento, experiência ou conforto com uma substância) encontrou possibilidades que não haviam sido exploradas anteriormente. A partir dos dados, são produzidas fórmulas de perfume que devem funcionar bem para um grupo-alvo. Um perfumista entrou em cena para refinar as fórmulas geradas pela IA. É importante entender que o algoritmo de aprendizado profundo usado permite que ele saiba como vários ingredientes podem ser combinados e não está apenas agindo com base no que um ser humano o programou para fazer.
As experiências com esses crachás ofereceram lições interessantes. Por exemplo, cerca de um terço do desempenho da equipe geralmente pode ser previsto apenas pelo número de trocas cara a cara entre os membros da equipe.
O Aprendizado de Máquina faz uso de algoritmos
matemáticos que vão mudando seus parâmetros ao longo do tempo para se ajustar Ã
realidade de um conjunto de dados. Dessa forma, podemos afirmar que o sistema
aprende e se torna capaz de gerar respostas cada vez melhores. É interessante
observar que durante o desenvolvimento desses sistemas eles são alimentados com
parte dos dados disponÃveis, em um processo de aprendizagem, e depois são
testados com o restante do mesmo conjunto de dados.
Kaplan, Andreas e Haenlein, Michael. Siri, Siri, in my hand: Who’s the fairest in the land? On the interpretations, illustrations, and implications of artificial intelligence. DisponÃvel em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0007681318301393#. Acesso em 19 ago. 19.
Volume. Organizações coletam dados de fontes variadas, incluindo transações financeiras, mÃdias sociais e informações de sensores ou dados transmitidos de máquina para máquina. No passado, armazená-los teria sido um problema — mas novas tecnologias (como o Hadoop) aliviaram esse fardo.
Velocidade. Os dados são transmitidos numa velocidade sem precedentes e devem ser tratados em tempo hábil. Etiquetas RFID, sensores e medidores inteligentes estão impulsionando a necessidade de lidar com torrentes de dados praticamente em tempo real.